A Suave, fábrica de calçado localizada em Guimarães, esteve presente na MICAM, em Milão, que decorreu de 7 a 9 de setembro. No final do primeiro dia da feira, o responsável comercial da empresa, José Moura, traçou um balanço positivo, embora moderado, e deixou alertas sobre as dificuldades atuais do setor.
“O primeiro dia correu bem, dentro das expectativas. Estivemos praticamente sempre ocupados durante a manhã, até às quatro da tarde. Depois a afluência acalmou, mas, ainda assim, achamos que correu muito bem”, afirmou.
Os visitantes mostraram especial interesse nos artigos da marca destinados aos mais jovens. “Sobretudo na zona das vitrines com conforto jovem, sentimos bastante curiosidade de novos clientes”, adiantou José Moura.
Quando questionado sobre as perspetivas de encomendas para os próximos meses, o responsável comercial da Suave admitiu que o otimismo é limitado. “Estamos muito moderadamente otimistas. Depois do COVID, as pessoas começaram a dar prioridade a outras coisas — viagens, restaurantes — roupa e os sapatos deixaram de ter o lugar especial que tinham. Por outro lado, as economias estão enfraquecidas, algumas em recessão, e ainda temos as guerras. Tudo isto cria instabilidade.”
Apesar do cenário, José Moura defende que a empresa tem de se adaptar: “Temos de lutar. Vamos procurar mais países, outro tipo de clientes, talvez vender a partir de stock como fazem os alemães. Há muitas possibilidades. Mas não volta a ser como era há cinco anos. Vai ser muito difícil.”
Sobre a possibilidade de Portugal voltar a organizar uma feira de calçado ou componentes, mostrou-se céptico: “Sinceramente, acho que não. As feiras nacionais, como a MOCAP, funcionaram bem durante muitos anos porque era onde se procurava produto, desenvolvimento e preço. Hoje em dia já não é assim. Os clientes procuram essas soluções nas grandes feiras internacionais, como a MICAM ou Riva del Garda.”
Em contraste, destacou a experiência positiva na Coreia do Sul, onde a Suave participou recentemente numa feira organizada pela APICCAPS e pela AICEP. “Foi uma feira dedicada apenas a empresas portuguesas. A APICCAPS e a AICEP fizeram um trabalho excelente a convidar clientes, que apareceram quase todos. Fomos positivamente surpreendidos com muitas visitas e bastantes pedidos de amostras. Como digo sempre: se isso depois vai resultar em encomendas, não sei, mas foi muito interessante.”