Quem tem ou já teve animais de estimação sabe que os nossos amigos patudos são verdadeiros companheiros de vida e a sua perda é sempre um processo doloroso e profundamente emocional. Para melhor lidar com o luto, vários tutores despedem-se dos seus animais falecidos através de enterros em cemitérios próprios, ou guardando as suas cinzas em urnas, mas existem cada vez mais alternativas já disponíveis em Portugal para homenagear o seu amigo patudo: pode plantar uma árvore com as cinzas, ou misturá-las em tinta para criar arte, mas pode também usá-las como fonte de carbono para obter um diamante de memorial.
Com uma população de 2 milhões de cães e 1.5 milhões de gatos, Portugal é um país amigo dos animais de estimação
Com a aprovação do novo estatuto jurídico dos animais em Portugal, em 2017, os animais de companhia passaram a ser considerados seres sensíveis aos olhos da lei, e abandoná-los, maltratá-los ou negligenciá-los é um crime passível de pena de prisão.
Adicionalmente em 2019, foram acrescentadas novas medidas de proteção dos animais de estimação, sendo obrigatório o seu registo no SIAC e, no caso dos cães e dos gatos, estes devem estar identificados com microchip. Esta é uma forma de desencorajar o abandono e de facilitar a identificação do animal de estimação em caso de perda ou roubo, permitindo que as autoridades tenham acesso a informações como os dados do dono ou o histórico de vacinação.
Atualmente, existem mais de 3 milhões de animais de companhia registados em Portugal, sendo que mais de metade das residências portuguesas tem, pelo menos, um animal de estimação, continuando a haver uma preferência por cães e gatos. Devido aos avanços na medicina veterinária, são cada vez mais os que vivem longos anos para além da sua idade média de vida, como é o caso do Bobi, um rafeiro alentejano nascido em 1992, perto de Leiria, que detém o record de cão mais velho do Guiness.
O amor do dono pelo seu animal de estimação transcende até a morte
As nossas relações com os animais de estimação baseiam-se na ligação emocional e no companheirismo
Para a maioria dos donos de animais de companhia, os seus amigos patudos são autênticos membros da família e merecem todos os cuidados e afetos dados aos restantes entes queridos. Cada animal de estimação tem a uma personalidade única e o elo criado com o dono é sempre o resultado de uma relação de afeto e confiança mútua, pelo que cada um ocupa o seu próprio lugar na vida do seu tutor.
O protagonismo que os animais têm na vida dos seus donos tem levado a uma maior procura por cerimónias fúnebres que proporcionem uma despedida semelhante à que damos aos nossos entes queridos humanos. Embora o planeamento da morte de um animal de estimação seja um tema algo mórbido em Portugal, é igualmente uma inevitabilidade, uma vez que a esperança média de vida de um cão ronda os 10-12 anos e a de um gato situa-se entre os 12-14 anos.
O processo de luto por um animal de estimação é sentido de forma diferente por cada um, pois cada pessoa tem a sua forma de lidar com a perda e com a saudade. Alguns tutores seguem os mesmos preceitos dos funerais tradicionais, seguidos da cremação ou do enterro, que pode ser feito num dos quatro cemitérios para animais em Portugal.
Para além das escolhas mais tradicionais, como depositar as cinzas do animal de estimação numa urna, ou ir visitar a campa do seu amigo patudo, vários donos optam por homenagear os seus animais de estimação através de outros métodos alternativos que, pouco a pouco, começam a ganhar algum terreno em Portugal, nomeadamente:
- Semear uma nova vida com as cinzas do animal de estimação
As cinzas do animal de estimação podem ser usadas como composto fértil para plantar uma árvore, bastando depositá-las numa urna biodegradável com a semente. Assim, as cinzas do animal tornam-se uma com a natureza e nutrem a árvore à medida que vai crescendo.
- Transformar as cinzas do animal de estimação em arte
Algumas empresas produzem quadros por encomenda em que a tinta utilizada contém as cinzas, outras permitem infundir as cinzas em peças de vidro ou cristal, como moldes das patas, cubos com imagens do animal gravadas ou orbes.
- Tatuar as cinzas do animal de estimação
Também já é possível fazer uma tatuagem com cinzas do animal de estimação adicionadas à tinta, embora seja necessário usar uma tinta diferente da convencional. Por isso, este procedimento apenas é feito por tatuadores especializados.
- Criar um diamante a partir das cinzas do animal de estimação
Os diamantes são feitos de carbono, pelo que, usando as técnicas laboratoriais certas, o carbono das cinzas pode ser convertido num diamante real. Algumas empresas permitem ainda incorporar esse diamante numa peça de uso diário, como é o caso pendentes, anéis e brincos.
Diamantes de memorial: quanto custa imortalizar o seu animal de estimação?
Um diamante é essencialmente um conjunto de moléculas de carbono cristalizadas após serem submetidas durante milhões de anos às altas pressões do manto terrestre, daí a serem considerados peças de enorme raridade e valor. Com a tecnologia atual, é possível usar uma amostra de cinzas (200g) ou de pelos/penas (18g) do animal de estimação como fonte de carbono e aplicar a pressão necessária em laboratório para que todo o processo seja concluído em alguns meses.
O resultado é um diamante 100% autêntico e com as mesmas exatas propriedades dos diamantes extraídos da terra. Essas propriedades incluem uma enorme resistência e durabilidade, que podem ser simbolicamente associadas à força do vínculo entre o animal de estimação e o seu tutor, assim como o brilho reluzente, que representa a luz eterna que aquele amigo patudo trouxe para a vida da família que o acolheu.
Algumas empresas já aceitam encomendas de Portugal e oferecem um serviço de lapidação para converter os diamantes em peças de uso diário, como pulseiras, anéis e brincos, disponibilizando o respetivo certificado de autenticidade. O valor do diamante depende de vários fatores, como os quilates, a cor ou o tipo de corte dado à peça, sendo que o custo médio de um diamante de 0,25 quilates é de 1900 €.
Conclusão
A perda de um animal de estimação é uma experiência praticamente inevitável, dada a sua curta esperança média de vida em comparação com a dos seus tutores, o que nos faz valorizar ainda mais o tempo passado na sua companhia. Entre as várias formas de homenagear os nossos amigos patudos em Portugal, os tutores podem agora encomendar um diamante de memorial criado inteiramente a partir das cinzas do animal de estimação, que assim se transforma num tesouro eterno.