O Fórum para a Competitividade afirma que o sector transacionável, onde se inclui a indústria do calçado, “não tem hipótese de repercutir o aumento de custos em preços superiores”, pelo que “é essencial criar condições para uma efetiva subida da produtividade, única forma de dar sustentabilidade a uma subida do salário mínimo e do salário médio”.
Novas subidas extraordinárias do salário mínimo, sem medidas significativas de aumento da produtividade, podem “traduzir-se em aumentos substanciais do número de desempregados (entre 50 mil e 100 mil) e da taxa de desemprego (entre um e dois pontos percentuais)”. Não aumentando a produtividade, “haverá destruição do emprego”, afirma o Fórum para a Competitividade na sua última Nota de Conjuntura.
Estre os com o aumento do salário mínimo, o Fórum para a Competitividade destaca uma “forte diminuição de margem das empresas, insolvência de empresas, diminuição do emprego e diminuição das exportações”.
“Entre 2015 e 2019, o salário mínimo foi aumentado 14% em termos reais (19% em termos nominais) quando a produtividade só aumentou 1,7%, uma variação totalmente desproporcionada. Mesmo assim, estes aumentos não se traduziram em aumento do desemprego, por duas razões: porque a conjuntura externa era excecional; e porque o congelamento anterior desta remuneração tinha criado alguma folga nas empresas”, refere a Nota de Conjuntura de novembro. Contudo, ambas as condições deixaram de se verificar. A conjuntura internacional está em “clara deterioração, quer devido ao final do ciclo económico, quer a perturbações como a guerra comercial, o Brexit, entre outras”.
O setor do calçado apresenta um risco elevado. Este setor tem apresentado uma evolução negativa nas exportações de -5,6%, destacando-se um aumento de insolvências de 16% no calçado.