O ministro Adjunto e da Coesão Territorial presidiu oficialmente à Ação de Demonstração FAIST, que decorreu a 15 de novembro, na DCSI Pro, em Estarreja. Para Manuel Castro Almeida “a inovação tecnológica aliada à criatividade vão permitir que o setor do calçado volte a crescer e se torne mais competitivo face a outros mercados”.
“Tenho confiança que o setor vai voltar a crescer”, afirmou o ministro. Admitindo ter ficado “bastante impressionado” com os resultados do projeto, Castro Almeida destacou que o setor do calçado está a ser capaz de se “renovar e reinventar” e de usar a agenda mobilizadora para “tornar a produção mais tecnológica”.
“Acho que esse é o caminho certo. Mais tecnologia, mais inovação, mais produtividade. É esse o futuro do setor do calçado”. Questionado se esta inovação tecnológica não teria como consequência um aumento do desemprego, o ministro disse acreditar que não, mas que mudaria “o perfil das pessoas” que trabalham no setor, substituindo o tradicional sapateiro por técnicos especializados em áreas mais sofisticadas como a digital ou robótica.
O FAIST (Fábrica Ágil, Inteligente, Sustentável e Tecnológica) resulta de um investimento na ordem dos 50 milhões de euros enquadrado no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e pretende desenvolver a “fábrica inteligente do futuro”.
Liderado pela Carité e sob coordenação do Centro Tecnológico do Calçado de Portugal (CTCP), o consórcio responsável pelo projeto – que engloba 43 copromotores, incluindo universidades, empresas e instituições do sistema científico e tecnológico – está a desenvolver novas soluções tecnológicas, abrangendo desde ilhas de automação a linhas integradas e plataforma digitais.
Prevista está ainda a criação de 300 novos postos de trabalho nos próximos meses, 100 dos quais altamente especializados, nomeadamente quadros superiores. Até ao final de 2025 serão desenvolvidos 34 produtos inovadores que prometem fazer da indústria portuguesa de calçado “a mais qualificada do mundo”.
Para o Presidente da APICCAPS “o setor do calçado está a refundar os alicerces da sua competitividade”. Luis Onofre recordou o objetivo do Plano Estratégico do Setor que tem como a ambição transformar “a indústria portuguesa numa referência internacional” e “reforçar as exportações portuguesas, aliando virtuosamente a sofisticação e criatividade com a eficiência produtiva, assente no desenvolvimento tecnológico e na gestão da cadeia internacional de valor, assim garantindo o futuro de uma base produtiva nacional, sustentável e altamente competitiva”.
Ainda de acordo com o Ministro Adjunto e da Coesão Territorial “o setor do calçado é sempre apresentado como um setor tradicional, tal como o têxtil e, no entanto, é um setor que inova imenso”. “Os empresários do calçado podiam baixar os braços e dizer que a Alemanha está em crise, a França não cresce. Perante as dificuldades, a solução é ser mais competitivo para conseguir vender melhor que outros países estrangeiros como a China, Indonésia e Filipinas”, acrescentou.
“Tenho a convicção que no final do PRR [Plano de Recuperação e Resiliência] teremos vários setores da economia com caminho para tornar o seu negócio mais tecnológico e inovador”, sublinhou.
O projeto
O FAIST (Fábrica Ágil, Inteligente, Sustentável e Tecnológica) “quer fazer da indústria portuguesa a mais moderna do mundo, adianta Florbela Silva, “assegurando uma maior eficiência produtiva, maior rentabilidade, ao qual acrescem melhores condições de trabalho e uma maior flexibilidade na capacidade de resposta ao mercado”. De acordo com a Coordenadora do projeto, o objetivo +assa por “aumentar o grau de especialização da indústria portuguesa de calçado para novas tipologias de produto” e potenciar “a capacidade de oferta das empresas portuguesas de calçado através do reforço da capacidade de fabricar médias e grandes encomendas, utilizando processos de montagem mais eficientes”.
Para a diretora da unidade de Inovação e Fabrico Digital do CTCP, o FAIST “foi criado como resposta às necessidades do setor do calçado e marroquinaria, com um foco na preparação deste setor para os desafios futuros, apostando de forma decisiva nas tecnologias digitais e na sustentabilidade dos processos e produtos, visando uma maior eficiência e rentabilidade, resposta rápida ao mercado, melhoria das condições de trabalho e diferenciação do produto”. Acresce que importa “alargar o leque de especialização da indústria do setor com novas tipologias de produto baseados no conhecimento, aumentar a capacidade de oferta das empresas e inserção de Recursos Humanos (RH) qualificados”.
O conhecimento, em particular, “será a nova base de recrutamento, contribuindo para a igualdade de género e de oportunidades, o reforço da coesão social nas zonas de implantação da indústria, com impacto no emprego, na fixação do emprego qualificado, nas exportações e no desenvolvimento regional mais sustentável; aumento da visibilidade e notoriedade do cluster do calçado que poderá ambicionar alargar a sua intervenção na cadeia de abastecimentos mundial”. Adicionalmente, importa “aumentar a produção nacional de bens de equipamentos e tecnologias avançadas, apostar no fabrico de produto sustentáveis e criação de linhas de produção automáticas”.
Para Florbela Silva importa que o FAIST proporcione “a reindustrialização e uso de processos de elevada produtividade que permitam às empresas fabricar pequenas, médias e grandes encomendas a preços competitivos, conseguindo entrar nas grandes cadeias de distribuição, que no passado se abasteciam em mercados mais baratos, como a Ásia”.