Em entrevista à APICCAPS, Sérgio Cunha, CEO da Nobrand, partilhou a sua visão sobre o estado atual da indústria de calçado e os desafios que o setor tem pela frente.
Desde o início de 2023, a indústria de calçado a nível internacional tem demonstrado sinais de abrandamento, uma tendência que, segundo o empresário, se deve a vários fatores: “Desde logo, as economias europeias em baixa, principalmente a alemã, tradicionalmente o motor europeu. Depois, as guerras que não acabam, com implicações nas subidas do custo da energia e dos bens essenciais”, explica.
O CEO da Nobrand reflete sobre aquilo que se sente na indústria: “Há um receio generalizado da perda dos postos de trabalho, o custo das casas continua a aumentar. Em resultado, o panorama mundial é dos piores já vistos no passado recente”, considera. Isto justifica os efeitos que o calçado tem sofrido, dado que acaba por ser “um bem supérfluo e muitas vezes considerado dispensável em tempos de dificuldades económicas”.
Apesar do cenário desafiador, a esperança de uma recuperação ainda parece distante. Sérgio Cunha não vê sinais claros de retoma no curto prazo. “O mundo parece aguardar a tomada de posse de Donald Trump. Uma decisão contrária ao que defendeu em campanha poderá ser muito nefasto para a nossa economia”, considera.
Por esse motivo, as expectativas para o ano de 2025 também não são otimistas, com o CEO da Nobrand a afirmar que não prevê grandes melhorias, “a não ser que Donald Trump se revele amigo da Europa”.
A pergunta sobre como as empresas portuguesas devem posicionar-se para aproveitar uma eventual recuperação dos mercados internacionais foi abordada de forma pragmática. Sérgio Cunha sublinhou a importância de cada empresa se saber adaptar às suas circunstâncias específicas: “Casa empresa deverá apresentar os trunfos que entenda mais pertinentes”, afirma.
Para o CEO da Nobrand, a competitividade no setor do calçado português deve assentar em dois pilares fundamentais: “produtos de qualidade a preços competitivos”.