Autor: Pedro Fonseca
Mestre em Economia | Diretor do Felgueiras Magazine
diretor@felgueirasmagazine.pt
São sapatos modulares. Os sapatos UP-PART são vendidos com sola e camadas superiores separadamente. Ambas podem ser substituídas pelo “dono do sapato” quando danificadas. Foram concebidos por Lucille Nguyen, da Design Academy Eindhoven.
Produtos como os sapatos UP-PART poderão não ser um sucesso de vendas! Mesmo com poucas vendas, é o tipo de produto que as empresas de calçado portuguesas (e de outros setores) devem apostar. Há investimentos em inovação de produtos que devem ser feitos, independentemente de serem ou não sucessos de vendas: por uma questão de estratégia, de marketing e de posicionamento de mercado.
As melhores (não necessariamente as maiores) marcas querem trabalhar com empresas que apresentem novidades, produtos out of the box, que se diferenciem. Querem trabalhar com empresas se assumam líderes, e não seguidoras. Vivemos numa altura em que, na moda, no calçado, está quase tudo “inventado”, quase todas as empresas fazem o mesmo, aplicam as mesmas matérias primas e as mesmas técnicas de produção. Mas ainda há espaço para inovação.
No calçado, em Portugal, apenas conseguiremos, no futuro, valorizar o preço dos nossos sapatos se as nossas empresas forem líderes e não seguidoras. Inovando, conseguimos valorizar o preço do nosso calçado, aumentando as margens de venda, gerando receitas para mais investigação e inovação, melhor tecnologia, melhores condições nas empresas, melhores salários.
Temos que vender aos nossos clientes uma história, um conceito, uma forma de trabalhar. Um produto como os sapatos UP-PART são um tema de conversa com clientes e, através deles, teremos a oportunidade de apresentar o restante portfólio de produtos.
É preciso comunicar!
Na inovação, por vezes bastam boas ideias; outras vezes é necessário um forte investimento.
Em Felgueiras há empresas, no setor do calçado, que “dão cartas” na inovação: a ISI Soles, com as solas fabricadas a partir de bolas de ténis em fim de vida; a Carité, com os seus sapatos totalmente biodegradáveis; a Vapesol, com as suas solas produzidas a partir de uma resina da cana do açúcar; a Steelground (Segura Sic, Lda.), com as suas sapatinhas feitas a partir de estofos de assentos de carros em fim de vida; ou a Bolflex, com sapatos usados a darem origem a novas solas e aplicações para o setor. São alguns exemplos. Há mais!
Contudo, não basta inovar, é preciso saber comunicar ao mercado estas inovações, estar na “ribalta”, de uma forma constante. As nossas empresas do setor do calçado (algumas, ainda poucas), em especial as que estão no mercado B2B, estão agora a começar a aprender a comunicar, a dar os primeiros passos. Mas ainda há muito trabalho a fazer nesta área.
Mesmo empresas de calçado mais pequenas, conseguem inovar nos seus produtos. A maior parte das vezes, não conseguem é comunicar eficientemente as suas inovações. E a comunicação acaba até por ser o mais simples de todo o processo: com a internet, as ferramentas digitais e o marketing digital, nunca foi tão simples, barato e eficaz comunicar!
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