A APICCAPS (Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneos), e o SINDEQ, Sindicato das Indústrias e Afins, celebraram um novo Contrato Coletivo de Trabalho. Esta atualização procede à alteração de algumas cláusulas contratuais, bem como a uma revisão salarial, traduzindo-se num aumento de 4,2% para os trabalhadores do setor.
No meio de um cenário global de desaceleração econômica, tensões na Ucrânia e uma crescente incerteza geopolítica, especialmente num setor onde 88% da produção é dominada por países asiáticos, a renovação deste contrato assume particular relevância. A APICCAPS destaca “a importância da renovação do Contrato Coletivo de Trabalho para a regulação do setor e para assegurar o bem-estar e a qualificação dos trabalhadores”.
Luís Onofre, presidente da APICCAPS, salienta “a abertura do SINDEQ, que permitiu chegar a uma plataforma de entendimento que assegurasse as condições indispensáveis para garantir a sustentabilidade das empresas e valorizar os trabalhadores, elementos fundamentais para o progresso de um setor que exporta mais de 95% da sua produção para todo o mundo”.
Setor do Calçado em ascensão: mais empregos e preparação para o futuro
O ano de 2022 foi marcante para a fileira de calçado e artigos de pele em Portugal. Segundo dados do INE e do Gabinete de Estudos da APICCAPS, o setor encerrou o ano com um total de 40 730 trabalhadores, refletindo um aumento de 2 737 postos de trabalho em relação ao ano anterior, o que representa um crescimento de 7,2% no emprego na fileira.
Dentro da fileira, o setor do calçado destacou-se, criando 1 478 novos postos de trabalho em 2022, totalizando 32 292 trabalhadores, um aumento de 4,8%. Por outro lado, o setor de componentes para calçado registou um crescimento de 14,8%, terminando o ano com 5 114 trabalhadores.
Contudo, o setor de artigos de pele e marroquinaria foi o que apresentou o crescimento mais expressivo. “Em 2022, o emprego neste setor aumentou 22%, totalizando 3 324 trabalhadores. Foram criados 600 novos postos de trabalho”, indica o relatório. Notavelmente, no espaço de uma década, o emprego neste subsetor triplicou.
Olhando para o futuro, a APICCAPS está atenta às projeções da Comissão Europeia, que estima a necessidade de 500 mil novos trabalhadores na indústria europeia da moda até 2030. Em resposta a esta previsão, a associação lançou o “Roteiro do Conhecimento”, uma iniciativa que visa preparar as futuras gerações para a indústria.
A APICCAPS identificou 86 escolas em várias cidades, incluindo Felgueiras e Guimarães, que estão a participar em iniciativas pedagógicas desde maio. O objetivo é “divulgar o potencial da indústria do calçado” e “potenciar a indústria local”. A partir de outubro, a iniciativa será estendida a alunos do 2º e 3º ciclo.
Este projeto, com duração de três anos, faz parte do Plano Estratégico do Cluster do Calçado 2030, que visa transformar a indústria de calçado na referência internacional e reforçar as exportações portuguesas, garantindo o futuro de uma base produtiva nacional, sustentável e altamente competitiva.