Aberta há cerca de 25 anos, a Rubeas era inicialmente uma boutique apenas para senhora, que comercializava marcas de renome de estilistas de Itália, França e Espanha.
Atualmente situada na Avenida Dr. Leonardo Coimbra, a loja resolveu “introduzir várias marcas de homem, mas no final ficou apenas a Hugo Boss, uma vez que, é uma marca que tem muitas linhas diferentes, e assim é possível atingir vários gostos, e faixas etárias”. Quem o diz é Emília Ribeiro, proprietária do espaço, conhecido por ser um negócios do comércio local mais antigos da cidade.
Emília Ribeiro sublinha que o que diferencia a Rubeas é “que fazemos questão que haja bom atendimento“, e o facto da boutique prezar por atingir “várias faixas etárias, desde o muito jovem ao mais clássico“, bem como dar facilidade “às minhas clientes mais fixas, de levarem as peças para casa para experimentarem, e se não servir há a possibilidade de troca”.
É com orgulho que Emília Ribeiro partilha que a Rubeas Boutique trabalha desde “estilistas de primeira linha”, até ao produto “mais acessível das gamas mais baixas”, e que possui “todo um leque de opções”, apesar “da primeira linha, ser a que faz a minha boutique”.
A empresária diz ainda que “há cinco anos, aprofundámos a secção de cerimónia, uma vez que, havia muita procura“. “Aqui, o atendimento é personalizado”, garante Emília Ribeiro, revelando que tem “a preocupação em saber para onde vai cada vestido de cerimónia”, tanto “o local do evento”, como “o dia do mesmo”, e que, posteriormente, regista todos os dados, “para que não haja a mínima hipótese possível, de duas clientes irem iguais”. A proprietária da Rubeas reconhece que “como é óbvio, eu não sou única em Portugal, mas tenho a preocupação de saber, no caso por exemplo de ser um baile de finalistas”, explicando que “é muito desagradável” quando isso acontece, pois “há sempre alguém que fica sem brilho”. Emília Ribeiro acredita que “há pessoas que brilham com qualquer coisa, mas outras precisam de muito para brilhar”.
E é também com brilho nos olhos, que Emília Ribeiro confessa que o que a faz mais feliz, é “o feedback dos clientes”, e saber que há clientes que a “acompanham desde o primeiro dia em que abri a casa, de várias cidades“.
Com alguma tristeza, a gerente da boutique fala sobre as mudanças, e clima de instabilidade sentido no mundo da moda. “Os clientes eram muito de início de estação. Chegavam ao início de estação e compravam um todo. Agora, vai se comprando aos poucos. A economia não está fácil, o clima não ajuda, e as pessoas não querem comprar para deixar no guarda fatos. Quando havia muito poder de compra, até levavam e ficava no guarda fatos. Agora não. Há um cliente ou outro que ainda tem essa facilidade, porque tem muito poder de compra, mas na sua maioria não é isso que se vê”, explica Emília Ribeiro.
A comerciante revela observar que “as pessoas estão menos consumistas a nível do online“, facto que pode ser explicado por não haver “o atendimento”, pela peça chegar “e ser uma desilusão”, e também porque na maioria dos casos “os tamanhos podem não corresponder”, dando “trabalho para devolver”.
Emília Ribeiro garante com firmeza que “quando digo que tenho um atendimento personalizado, é mesmo assim. Eu tenho modistas a trabalhar comigo, para fazer as alterações que forem necessárias. Ninguém sai daqui com a peça de roupa, se virmos que não assenta bem. Temos de ajustá-la”, explica a profissional.
Emília Ribeiro comenta que “a indústria faz os tamanhos standarizados“, mas diz acreditar que “não somos todos top models“, e que, por isso mesmo gosta “que os clientes se vão embora, e as pessoas reparem que estão bem vestidos, e queiram perguntar onde é que comprou. É o passa a palavra positivo“, atesta Emília Ribeiro.
Com mais de 25 anos de experiência na área, Emília Ribeiro garante que “é possível uma pessoa vestir-se bem, sem gastar muito dinheiro“, uma vez que “há pessoas que vestem um trapinho e ficam bem, há outras que vestem a peça mais cara que tenho, e por mais que queiram, elas não brilham. Não tem a ver com o corpo. Tem a ver com a atitude. A atitude é que faz a peça”, conclui.
Questionada acerca dos momentos menos positivos da sua vida profissional, Emília Ribeiro menciona “a pandemia”, e conta que no período de confinamento os colaboradores estiveram “completamente isolados”. A empreendera explica que posteriormente, a Rubeas Boutique começou “a trabalhar a página online”, apesar de sentir que “não tem nada a ver, porque o meu tipo de cliente de todo não é esse, mas como damos a facilidade de a pessoa vir buscar e vir trocar, foi-se vendendo, apesar de não ser a mesma coisa“. “Na pandemia vendemos muitos fatos de treino“, realça Emília Ribeiro.
É com alguma infelicidade que a lojista felgueirense considera que “nunca mais se recupera o perdido“, e conta que “psicologicamente acho que as pessoas não estão bem, sinto que estão muito indecisas”. “O covid e a guerra estão na causa disso tudo“, admite Emília Ribeiro.
Quando o tema é Felgueiras, a empresária menciona que “um pequeno senão nas terras mais pequenas, é que as pessoas conhecem-se todas, e muitas vezes têm medo de comprar na terra, porque pode haver comentários sobre o que comprou e quanto gastou. No entanto, quando contrato uma colaboradora, é logo informada de que tudo o que seja valores, não podem sair daqui para fora. Exijo muita privacidade“.
É em tom de desabafo, que Emília Ribeiro confessa sentir que na cidade que a viu crescer “não houve evolução, nem a nível de infraestruturas, nem a nível de mentalidades”. A comerciante admite que “a nível da cidade tem havido obras, já se começa a ver qualquer coisa, embora esteja muito aquém do esperado”. “Estivemos aqui 20 anos completamente congelados“, lamenta Emília Ribeiro.
Quando questionada sobre o que Felgueiras não tem, que deveria ter, a proprietária da Rubeas Boutique defende prontamente que “era preciso haver mais atratividades para os jovens. Bowling, cinema, ou até mesmo um pavilhão Multiusos para os concertos“.