O secretário de Estado da Economia, Pedro Cilínio, dedicou o dia de hoje, 14 de julho, à indústria do calçado, realizando uma série de visitas a empresas do setor. Iniciando o seu périplo pela Fábrica de Calçado Celita, em Guimarães, Pedro Cilínio prosseguiu para Felgueiras, onde teve a oportunidade de visitar a Vapesol, uma empresa especializada na produção de componentes para calçado.
Durante a visita à Vapesol, Pedro Cilínio teve a oportunidade de conhecer em primeira mão a tecnologia e a excelência que esta empresa representa. A Vapesol tem sido um exemplo de sucesso na indústria de calçado, fornecendo solas de alta qualidade para marcas de renome internacional. A empresa tem-se destacado pela sua capacidade de inovação, utilizando materiais avançados, mais leves e duráveis, bem como novos acabamentos, para oferecer produtos diferenciados e de valor acrescentado aos seus clientes.
No final da visita, em declarações à imprensa, Pedro Cilínio destacou o seu empenho em estar no terreno, acompanhando de perto diversos setores da economia. “Já fiz praticamente 10 mil quilómetros a visitar empresas e no fundo a ouvir e a ver também bons exemplos de implementação das políticas públicas“, afirmou o secretário de Estado. Em relação à visita à Vapesol, Pedro Cilínio ressaltou a importância “da procura de valor e da criação de valor”, bem como a necessidade de “posicionar os produtos em segmentos de mercado e clientes de maior valor acrescentado”. Além disso, enfatizou a relevância da inovação, utilizando “novos materiais, mais leves e duráveis, e novos tipos de acabamento”. Segundo Pedro Cilínio, a Vapesol tem sido bem-sucedida nessa combinação de design, inovação e tecnologia. A empresa fornece solas para algumas das maiores marcas internacionais de calçado, que valorizam esses componentes como um fator de diferenciação premium.
O secretário de Estado da Economia aproveitou o dia dedicado à indústria do calçado para compreender as necessidades do setor, visando a aplicação de programas e iniciativas futuras. Com a reprogramação do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e o plano Portugal 2030, Pedro Cilínio afirmou que é essencial que “esses programas se adaptem àquilo que também são as necessidades de inovação e desenvolvimento das empresas”.
Ao abordar a indústria do calçado em geral, Pedro Cilínio ressaltou “o progresso em termos de valor acrescentado”, destacando o aumento do preço do par de sapatos e dos componentes. O secretário de Estado observou que o setor tem mantido a estabilidade “em termos de volume, mas tem crescido em valor. Isso significa que as empresas têm sido capazes de acrescentar cada vez mais valor aos seus produtos”, impulsionando “representatividade do setor do calçado pelo valor e não pela quantidade”. Para Pedro Cilínio, é através da criação de valor que se aumenta a produtividade e se promove o crescimento e melhores vencimentos para os cidadãos.
Quebra de encomendas: há motivos de preocupação?
Questionado sobre se os empresários do setor do calçado devem estar preocupados com o abrandamento das exportações nos últimos meses, Pedro Cilínio disse “que não”. “Quando visitei o setor em Milão, na MICAM, ainda com os efeitos do crescimento, a generalidade do sentimento dos empresários é que o ano passado foi tão bom que a expectativa era que a manutenção do volume de negócios este ano, até para consolidar os processos produtivos, os negócios, também era um processo importante“. Pedro Cilínio continuou, afirmando que “se isso acontecesse não era algo que o setor entendesse como muito prejudicial. Obviamente todos nós queremos crescer e o setor vai continuar a crescer. Este pequeno compasso de espera, e não é um compasso de espera porque o setor estabilizou, cresceu em valor, a quantidade reduziu um pouco, mas continua a crescer em valor, mas é apenas um compasso de espera porque a nossa expectativa é que este processo continue a desenvolver-se e as empresas do setor continuem a crescer nos próximos anos“.
O secretário de Estado da Economia continuou a ser questionado pelos jornalistas sobre a quebra das encomendas que o setor do calçado tem vivido nos últimos meses, numa altura em que que há empresas que têm os trabalhadores em casa, a tempo parcial, isto num período que costuma ser muito forte de trabalho no setor. Pedro Cilínio observou que “o Covid criou uma disrupção naquilo que são as cadeias de abastecimento, nas cadeias de retalho. Existiram muitas marcas de retalho que fecharam. A reabertura criou efeitos na procura, um efeito que normalmente chama-se efeito de chicote, que é um efeito em que há uma sensação de que existe uma procura grande que atrai uma compra grande de produto. Depois os stocks ficam nas lojas e o movimento a seguir é de alguma retração para que os stocks também sejam escoados”.
“A ideia geral, não quer dizer que não existam situações pontuais, elas existirão sempre, é que se trata de um processo de reajustamento do mercado em função destas flutuações de procura que existiram. Obviamente temos que estar atentos para podermos atuar se percebermos que existem distorções onde as empresas precisem de apoio numa lógica de garantir a sua viabilidade, mas a ideia generalizada é que será um período transitório e, portanto, obviamente é uma mensagem de esperança que eu queria deixar, de confiança também” disse Pedro Cilínio.
Décio Pereira, CEO da Vapesol, aproveitou a oportunidade para transmitir ao secretário de Estado da Economia algumas preocupações sobre a realidade atual do setor. Décio Pereira destacou a inflação como um problema persistente, bem como a recessão em alguns países europeus para os quais a indústria portuguesa de calçado exporta. Embora o ano até o momento não tenha sido negativo para a Vapesol, o CEO sublinhou que “há uma incerteza enorme em relação aos próximos seis meses”. Uma incerteza “muito preocupante, inquietante e nunca presenciada”.
Além da visita à Vapesol, o secretário de Estado da Economia também passou pelo Centro Tecnológico do Calçado, onde pôde conhecer as mais recentes pesquisas e desenvolvimentos tecnológicos no setor do calçado. A sua jornada encerrou-se na Fernando Ferro, em Estarreja.