O ano de 2022 foi difícil para a indústria do calçado ao nível dos recursos humanos: as encomendas eram muitas, mas não havia mão de obra disponível nas fábricas de calçado. Foi assim, pelo menos até ao Verão. E para este ano de 2023? Haverá trabalhadores suficientes para dar resposta às encomendas?
Rui Oliveira, Diretor Geral e Comercial da Fábrica de Calçado Samba, comentou a evolução dos recursos humanos na indústria, em 2023, começando por traçar um paralelismo com o passado ano de 2022, “em que a procura e a produção de calçado superou o recorde, pelo que foi necessário recrutar trabalhadores. Várias empresas viram-se na necessidade de procurar essa mão-de-obra até fora de Portugal”. No entanto, prevê que neste ano de 2023 “se vai manter mais ou menos igual”. Rui Oliveira observa que “a tendência será a da estabilização do próprio mercado. Os sinais são de algum abrandamento económico e isso vai-se evidenciar naquilo que é a procura, naquilo que é o volume a ser produzido”.
Imigração: “o país ainda tem algumas leis muito rígidas”
Contudo, Rui Oliveira reforça que estes primeiros meses do ano “estão a sofrer um efeito da forte procura no ano de 2022, na estação de inverno”. Em plena transição de estações, “é natural que exista sempre esta redução de encomendas. Portanto, há aqui um acerto automático. Prevejo que ao longo do ano, em particular no fim do primeiro trimestre, as coisas comecem a ser positivas para o cenário local”.
O Diretor Geral Fábrica de Calçado Samba debruça-se ainda sobre a temática da imigração: “alguns setores da economia portuguesa precisam de trabalhadores e estes podem ser encontrados por via da imigração. No entanto, o país ainda tem algumas leis muito rígidas”. Por um lado, “quer atrair mão de obra externa”, por outro, “coloca muitos obstáculos e isso favorece os infratores”. Em Felgueiras, “temos visto que existe mão-de-obra imigrante, em particular do Sudeste Asiático ou do Brasil, nomeadamente no setor dos componentes, onde não existe uma necessidade tão técnica e manual da construção de um sapato, mas sim de trabalhar com uma máquina”.