Em entrevista à APICCAPS, Décio Pereira, da Vapesol, admite que o sentimento da empresa em relação ao aparecimento da covid-19 “como toda a gente foi de receio e de abrandamento”, mas revela que, “contudo, a nossa reação seguinte foi investir e diversificar o nosso leque de produtos”.
[Pandemia] – “Os anos da pandemia foram os de maior investimento da empresa”;
[O futuro] – “2022 será a continuação de uma afirmação do calçado português no exterior”;
[Dificuldades do setor] – “Nesta altura, diria que é a falta de mão-de-obra”;
[Sustentabilidade] – “A sustentabilidade veio para ficar, e será, em poucos anos, o leme no setor do calçado”.
Leia a entrevista na integra:
A pandemia trocou literalmente as voltas ao setor do calçado. De que forma se adaptou a sua empresa a este período crítico?
Respondendo de uma forma muito direta: numa primeira fase (o primeiro mês) penso que como toda a gente, foi de receio e de abrandamento. Contudo, a nossa reação seguinte foi investir, e diversificar o nosso leque de produtos. Os anos da pandemia foram os de maior investimento da empresa.
Surgiu, inicialmente, o investimento numa nova unidade EVA, o que nos permite afirmar que hoje somos a maior empresa portuguesa de EVA. Além disso, no que diz respeito à colagem de EVA/TPU estamos altamente equipados. Adquirimos vários equipamentos típicos de solas pré-fabricadas, mas para enriquecimento do trabalho dos injetados, e fizemos um investimento em trabalho de TPU/PU.
Considera que o pior já passou?
No nosso caso, exceto os meses seguintes ao início da pandemia, que foram de queda abrupta devido aos cancelamentos das encomendas, nos restantes meses registamos sempre crescimentos. Aliás, em 2021 comparativamente com 2020 crescemos 30%.
Será 2022 um ano de afirmação do calçado português no exterior?
Sim, 2022 será a continuação de uma afirmação do calçado português no exterior, situação que se verifica há mais de uma década. Podemos todos beneficiar, se aproveitarmos a proximidade a grandes mercados e a grandes distribuidores. A resposta rápida e qualidade são fatores de grande sucesso, mas se todo o cluster conseguir lidar com esta realidade.
Quais são as principais dificuldades que sente nesta altura?
Nesta altura, diria que é a falta de mão-de-obra.
Passada esta “tormenta”, o que ficou? Antevê alterações ao nível do perfil do consumo ou mesmo da estratégia de subcontratação das grandes marcas internacionais que favoreçam, por exemplo, uma relação de maior de proximidade?
O setor do calçado em Portugal é quase na sua totalidade “subcontratado” de marcas europeias… onde sim, claramente o fator proximidade será preponderante, se aliado a qualidade e bom serviço e resposta rápida…
A sustentabilidade veio para ficar ou é, na sua opinião, uma moda passageira?
A sustentabilidade veio para ficar e será, em poucos anos, o leme no setor do calçado, assim como todos os setores. Cada vez mais é um tema que está na agenda de todas as marcas.
O que tem a indústria portuguesa de calçado para oferecer nos mercados externos?
Resposta rápida de encomendas, proximidade aos principais mercados, desenvolvimento de protótipos muito rápida, e a qualidade do melhor que há no mundo.