A final da Liga dos Campeões trouxe milhares de ingleses ao Porto. Vieram fazer o que nós portugueses não podemos:
Ir ao futebol, juntarem-se às centenas na Ribeira, beberem, cantarem e tomarem conta da cidade, sem cumprirem o distanciamento social nem usarem máscaras de proteção.
Usufruíram da tão ansiada liberdade que todos temos condicionada há meses a fio.
O governo português ficou “extasiado” por conseguir uma vez mais o que os outros (talvez) não quiseram, uma final da Liga dos Campeões que afinal trazia uma “pescadinha de rabo na boca”.
Ora, vamos a datas e ao que está em causa:
– 7 maio, o governo inglês “abriu” o corredor verde e autorizou as viagens para Portugal.
– 12 maio, o Porto é anunciado como local para a realização da Final da Liga dos Campeões
– 17 maio, a DGS e o Governo autorizam o público na final da Liga dos Campeões, mas não permitem para a final da Taça de Portugal!
– 27 maio, o governo anuncia plano de contingência para fechar “o circuito desde que os adeptos saem dos aviões, vão para as zonas de fãs e depois para o estádio”, a famosa “bolha” que até hoje ainda não se viu.
– 29 maio, dia da final… e o incumprimento das normas de segurança, os bares lotados, as normas por cumprir, distúrbios em larga escala e a “vergonha” a que todos assistimos.
– 3 junho, o governo inglês anuncia que pondera retirar Portugal do “corredor verde” e BANIR as viagens de turismo e lazer para o nosso país para proteger os seus cidadãos.
Ora, cá está a “moeda de troca” e o agradecimento pelo excelente serviço público do governo português submisso e ingênuo fez à UEFA e aos nossos amigos ingleses.
O governo inglês vai retirar Portugal do “corredor verde” e banir as viagens turísticas e de lazer para Portugal.
Uma vez mais as famílias portuguesas emigradas em Inglaterra, o turismo, a restauração, as empresas e a recuperação económica vão ser severamente afetadas com o previsível anúncio desta medida.
Mas, os nossos amigos ingleses não têm culpa. Culpa tem um governo que deixa o seu povo ser usado e abusado, que tem dois pesos e duas medidas com o seu povo e que nos deixa envergonhados pela falta de capacidade de articulação institucional.
E como sempre, as culpas morrem solteiras!