No mais recente episódio de “O Mais Famoso Podcast Sobre Calçado!”, Pedro Fonseca e Rui Oliveira conversaram com Pedro Cilínio, Secretário de Estado da Economia. Os fundos comunitários, Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e do programa Portugal 2030, na indústria do calçado foi um dos temas abordados.

Ao ser questionado sobre a capacidade das empresas em aproveitar as oportunidades proporcionadas pelos fundos europeus, Cilínio respondeu: “Sim, sem dúvida. Aliás, quando muitas vezes se refere que os apoios não chegam às empresas, por exemplo, o Portugal 2020 já entregou às empresas 4, 7 mil milhões de euros. Dinheiro pago. E não é pago em qualquer coisa, é pago em investigação, desenvolvimento, inovação, internacionalização.”

Pedro Cilínio também sublinhou a evolução da perceção dos produtos portugueses no mercado internacional, em muito devido ao aproveitamento dos fundos comunitários: “Aquilo que nós vemos é que os clientes acrescentam prémio de preço aos produtos que têm origem portuguesa, incluindo no setor do calçado, no têxtil, no vestuário.” O secretário de Estado da Economia recorda que “há uma ou duas décadas, onde muitas empresas tinham que esconder a origem dos seus produtos, porque vender produto português era significado de menor valor”.

Pedro Cilínio, que dedicou o dia 14 de julho a visitar a indústria do calçado, afirmou ter constatado que “os investimentos, eu tenho visto muitos exemplos desses investimentos que estão a ser feitos no terreno, normalmente se que traduzem inovação. Aliás vimos o desenvolvimento de novo equipamento automatizado para produção de calçado com componentes injetáveis, que está a ser desenvolvido no âmbito da agenda FAIST [Fábrica Ágil Inteligente Sustentável e Tecnológica]”.

O secretário de Estado da Economia destacou as Agendas Mobilizadoras, no âmbito do PRR, que “são projetos efetivamente transformadores”. Anunciou ainda que, até ao final do ano, vão abrir mais dois avisos no âmbito do PRR: um para a descarbonização da indústria, “para apoiar projetos de indústria verde, ou seja, para produzir componentes que são necessários para a produção de energias renováveis ou para a produção de componentes que são necessários para a transição carbónica”; e outro para apoiar a Indústria 4.0, ou seja “investimentos de automatização nas PMEs”.

Pedro Cilínio destacou a forma como a indústria do calçado tem aproveitado o contexto atual para se reinventar. “Aquilo que a indústria de calçado tem vindo a fazer e que outras indústrias têm vindo a fazer, é aproveitar o contexto, até de alguma escassez de recursos humanos, e até de alguma pressão nos salários pelo crescimento dos vencimentos, para darem o salto ao nível daquilo que é a automação e reduzirem o fator humano no preço do produto, ou seja, deixarem de ser tão sensíveis a esta questão” afirmou.

Este foco na automação não é apenas uma resposta à escassez de recursos humanos, mas também uma estratégia para aumentar a produtividade. Pedro Cilínio sublinhou: “E esse é um aspeto importante quando falamos de produtividade, porque estamos a falar de produzir mais valor com os mesmos recursos.”

O Secretário de Estado também abordou um dos desafios que a economia portuguesa enfrenta: a redução populacional. No entanto, em vez de ver isso apenas como um obstáculo, Cilínio vê-o como uma oportunidade para as empresas transitarem para uma economia mais automatizada, incorporando tecnologias digitais. “Temos desafio muito grande na nossa economia, a médio prazo, que é uma pressão da redução populacional significativa, que estamos a começar a atravessar, e que tem que ser assumida como desafio grande e uma oportunidade também para as empresas poderem fazer esta transição”, explicou.