O Felgueiras Magazine entrevistou Palmira Faria, presidente da Junta de Idães. Procuramos saber como está a população de Idães a reagir face ao surto de Covid-19 na freguesia e qua a sua evolução.
Felgueiras Magazine (FM) – Como está a população em Idães a reagir, face a este surto de Covid-19?
Palmira Faria (PF) – A população está calma. Nota-se uma certa acalmia. As pessoas estão preocupadas, claro, porque nunca sabemos como a situação irá evoluir. A última informação que disponho, é que o surto de Covid-19 aqui na freguesia está a estagnar. Para isso terá contribuído, em minha opinião, o encerramento das escolas. As pessoas estão calmas, não há uma correria aos supermercados. As pessoas estão a tentar fazer uma vida normal, mas evitam sair de casa. Ainda hoje esteve aqui uma pessoa que me veio dizer: “eu vim comprar pão, mas vou já para casa”.
FM – Nota-se que há menos pessoas nas ruas em Idães?
PF – Há bastante menos gente na rua. Ontem ao fim da tarde, na zona mais central da freguesia, onde há mais comércio e serviços, não havia ninguém na rua, estava a população recolhida em casa.
FM – As pessoas estão a respeitar a quarentena?
PF – Tenho conhecimento que algumas pessoas estão a desrespeitar a quarentena. A Junta de Freguesia fez um comunicado nas redes sociais a esse respeito, mas não temos competências nessa matéria. O que a Junta de Freguesia tenta fazer é alertar que o desrespeito da quarentena pode colocar outras pessoas em risco. Devemos respeitar a liberdade de cada um, mas temos que acatar estas decisões para parar a propagação deste vírus. Ainda hoje tive a comunicação de um pai que me ligou a dar a informação de que estaria uma pessoa no café que deveria estar em quarentena. Pedimos às pessoas nesta situação que fiquem em casa. A Junta de Freguesia pode comunicar casos destes, mas a responsabilidade serão das autoridades competentes e não da Junta de Freguesia.
Há inclusivamente pessoas que me ligam a chorar e a pedir ajuda, pois têm conhecimento que andam pessoas na rua que deveriam estar em quarentena. A GNR terá também tido algumas chamadas de populares da freguesia de Idães a pedir ajuda.
Há um alerta e as pessoas devem acatar as instruções da Direção Geral de Saúde.
FM – A Junta de Freguesia tem estado em contacto com as autoridades e recebido informações sobre este surto de Covid-19 em Barrosas?
PF – Tenho tido uma articulação com o presidente da Câmara Municipal de Felgueiras, com o professor Amândio Azevedo, do Agrupamento de Escolas de Idães. Ainda hoje tentei perceber como estaria a evolução do surto aqui na freguesia, e transmitiram-me que está passivo e estabilizado. Claro que há sempre o estado de quarentena, mas as pessoas que têm ido fazer análises, o resultado tem dado negativo. Mas temos que aguardar e ver a evolução.
FM – Como está o comércio, serviços e indústria em Idães?
PF – Os cafés, mercearias, comércio e serviços estão com menos clientes. As pessoas não compram e há preocupação por parte dos empresários. A indústria preocupa-me mais, pois cerca de 90% da população trabalha na indústria de calçado. Muitas destas fábricas estão com menos operários, pois há muita gente que ficou em casa a tomar conta dos filhos. Por outro lado, também há falta de matéria prima, pois muita desta matéria prima é proveniente da China. Não está fácil para a nossa economia local. Poderemos ter aqui uma crise ao nível da economia, e o governo terá uma palavra a dizer.
Preocupa-me também as pequenas empresas, de “corte e costura”. Não sei até que ponto o governo vai apoiar estas empresas.