O Café Jardim persiste. É uma marca que se ouve referir um pouco por qualquer lado.
Em tempo o nome da Praça onde
está situado mudou. Era Praça 5 de Outubro e passou para Praceta do Foral, mas
o Café Jardim ficou e fica sempre a ser o Café Jardim. Nem me refiro tanto ao
nome. Digo a instituição. Sim. Porque o Café Jardim é uma instituição. Não só
de Felgueiras como pela região.
O Café Jardim é uma instituição – a tal, de onde tenho memórias inefáveis. Não
sou só eu. Tenho absoluta certeza.
Eu mesmo ao longo dos anos já ali escrevi muito, muito mas matérias tão
díspares como variadas.
A memória mais longínqua que tenho do Café Jardim é de quando ia para a escola
primária e registava a matrícula de todos os automóveis na Praça. A memória era
fresca e o parque automóvel em Felgueiras era mais reduzido, mas já razoável.
O Café Jardim mais a Pastelaria “A Moderna” há muitos anos extinta (e
com que dó…) eram assim os locais de emancipação das senhoras de Felgueiras.
Os espaços onde as senhoras começavam a frequentar cafetarias.
Nunca eu imaginaria que um dia ia frequentá-los.
Desde gerações na família, o Café Jardim (oh tantas memórias!) entre muito aclive, vem deixando a sua marca em cada facção na região.
Em boa hora o neto do fundador decide reabilitar o espaço que desejo finalmente estabilize a vida do café. Vem prestar um serviço público a Felgueiras. O espaço Café Jardim não poderia tornar-se num qualquer espaço. Desde logo porque o espaço é excelente. Suportaria ali um nobrecido espaço singular.
Já antes dizia que ali um espaço vocacionado para a gente jovem era excelente. Desde logo porque não tem vizinhos. Tem um espaço de estacionamento e tem passeios enormes a pedir: Tornem-me numa explanada! Tornem-me numa esplanada!
Seria um espaço ainda mais badalado em Felgueiras e praticamente sem concorrência. Fechar à meia noite ou duas da manhã, e não às vinte horas, era imperioso.
O anúncio da continuidade do Café Jardim
Quando pela manhã do primeiro dia deste ano o José Mário Sousa anunciou que ia dar continuidade ao Café Jardim foi uma surpresa enorme e muito agradável. Soube-se que foram várias dezenas de pessoas que se congratularam.
Eu mesmo – que já em tempo havia falado com o José Mário acerca daquele espaço – não pude deixar de dizer que “morde pela calada”. Adiantei que o não dizia por eufemismo: é uma boa, muito boa malha; disse eu.
Continuei a dizer que era para o José Mário uma boa cartada; para mim; para os clientes habituais, mas sobretudo para Felgueiras e seus habitantes, um privilégio.
Acrescentei que não era emoção da época. Era mesmo uma boa notícia para quem gosta de Felgueiras e sua história e memória. Boa oportunidade – ainda bem que não vai para uma qualquer actividade descaracterizada.
(Não pratico deliberadamente o chamado Acordo Ortográfico).