Autor: Pedro Fonseca
Mestre em Economia | Diretor do Felgueiras Magazine
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A região dos vinhos verdes deverá ter uma quebra nas vendas de 14 a 15% face ao período homólogo, como consequência pandemia. “Não é nada de perder a cabeça”, diz Óscar Meireles, administrador da Quinta da Lixa. E este, estava a ser um ano de recordes de vendas de vinho verde: os primeiros dois meses e meio do ano foram excecionais ao nível das vendas.
Manuel Pinheiro, presidente da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes, concorda, afirmando que as exportações de vinho verde têm vindo a crescer “desde 2004 e até 2019”. Este ano poderá ver este ciclo de crescimento interrompido.
A verdade é que Covid-19 tratou de forma diferente os produtores de vinho verde: os que “estavam preparados, os players maiores, na distribuição moderna” e os produtores que “estavam mais vocacionados para o canal Horeca. Estes foram os mais penalizados” disse Óscar Meireles, acrescentando que “70% a 80% das empresas da Região dos Vinhos Verdes estão bem preparadas, pois exportamos muito vinho” e as exportações foram menos afetadas pelas medidas de confinamento.
À margem de uma visita à sub-região de Amarante, que terminou no Hotel Monverde, Manuel Pinheiro não acredita que haja risco de desemprego no setor dos vinhos verdes por causa dos efeitos económicos da Covid-19: “ninguém está a reduzir a equipa” os pequenos produtores “já têm uma equipa pequena” que não pode ser reduzida; os produtores maiores “porque, apesar de tudo, estão a ter algum movimento”. Mas Manuel Pinheiro acrescenta que “é importante que o turismo, a restauração e a hotelaria recuperem depressa, e é importante que os mercados internacionais não de fechem”.
Mais apoios para os pequenos produtores são precisos. O layoff não é solução, pois as vinhas precisam de cuidados constantes: não se pode mandar para layoff quem trata das vinhas. Estes produtores, que vendem sobretudo para restaurantes e garrafeiras estão a acumular stock de vinho. Os restaurantes estiveram fechados e agora, apesar de abertos, estão a “meio gás”. Poderia haver a tentação de vender o vinho a um preço mais baixo, mas os produtores não querem. E toda a Região dos Vinhos Verdes, reconheça-se, tem feito um esforço, ao longo dos últimos anos, para aumentar o preço médio do vinho. Baixar agora os preços seria deitar por terra este trabalho.
A Região dos Vinhos Verdes foi a região que mais evoluiu nos últimos 20 anos. “Estamos na melhor região, a nível mundial, para produzir vinhos brancos!”, disse Óscar Meireles.
Felgueiras tem dado o seu contributo e o presidente da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes reconheceu o papel da Quinta da Lixa: “A Quinta da Lixa tem sido uma referência a “puxar” pela Região, em várias áreas: por um lado nas vinhas, postas no terreno por muitos viticultores que investiram quando não se sabia como era o futuro, e a Quinta da Lixa tem feito isso; depois, pelo desenvolvimento da gama de vinhos de castas ligados ao território; e em terceiro lugar pela ligação do vinho ao turismo”. Certamente que este reconhecimento poderá ser alargado a outros produtores do concelho de Felgueiras.
É com otimismo, que os produtores de vinho verde encaram o futuro. A Covid-19 está a ter impactos económicos no setor, mas espera-se que, apesar das dificuldades, o vinho verde consiga atravessar a pandemia, saindo ainda mais fortalecido.