No mais recente episódio de “O Mais Famoso Podcast Sobre Calçado”, Pedro Fonseca esteve à conversa com Sara Paiva, diretora do Museu do Calçado em São João da Madeira. Inaugurado em 2016, o museu atrai uma média de 10 mil visitantes por ano, um número que se encontra em crescimento.
“O Museu do Calçado era um projeto há muito ambicionado por uma comunidade para a qual o calçado foi absolutamente vital no seu desenvolvimento, e para o qual é ainda um grande marco na identidade local”, explica Sara Paiva, referindo-se ao impacto profundo que a indústria do calçado teve em São João da Madeira.
O museu está organizado em cinco núcleos expositivos distintos. O primeiro recria uma “antiga oficina de sapateiro, lembrando o tempo em que uma pessoa fazia todo o processo manualmente”. Outro núcleo simula uma linha de produção dos anos 80, também com “alguns objetos que nos contam a indústria mais recente”. Há ainda um túnel que “conta a história da evolução do calçado desde a pré-história até ao final do século XX”.
A Sanjo, marca emblemática da região, não podia ficar de lado, e por esse motivo o museu inclui uma vitrine dedicada à marca. Um outro núcleo é um espaço em rotação, com “calçado de designers portugueses e internacionais”. Na coleção de “sapatos notáveis”, os visitantes podem ver calçado usado por “personalidades, políticos, escritores, desportistas”, tais como Filipe La Féria ou José Saramago. Por fim, há um último espaço chamado “sapatos de arte”, que apresenta “peças de arte contemporânea, de autores portugueses e estrangeiros, com o calçado como tema comum”.
No Museu do Calçado, além das informações técnicas sobre o setor, a equipa procura cativar os visitantes com histórias curiosas. Um exemplo mencionado por Sara Paiva envolve os faraós do Antigo Egito, que «mandavam pintar os seus inimigos nas palmilhas dos seus sapatos para, ao caminhar, simbolicamente os “esmagarem”». Acerca desta história, Pedro Fonseca comentou: “Eu já fui ao Museu do Calçado, e já a partilhei a história do faraó com outras pessoas”, destacando o impacto que estas narrativas têm em tornar a visita memorável.
O museu registou uma média anual de 10 mil visitantes, um número que se encontra em crescimento. “Este ano, já ultrapassámos os números do ano passado”, revela Sara, mencionando também a aposta do museu em exposições itinerantes e na divulgação externa do Museu do Calçado.
Pedro Fonseca destacou a forma exemplar como São João da Madeira “trabalha o turismo, em todas as suas vertentes, não só na parte do museu, mas também no turismo industrial”, aproveitando para questionar sobre a relação entre o museu e as fábricas de calçado da região. Em resposta, Sara Paiva partilhou que os profissionais da indústria de calçado são uma fatia importante dos visitantes do museu: “Empresas, sobretudo aqui da região, recebem muitos clientes internacionais e vêm cá, agendam previamente uma visita guiada”, explicou, acrescentando que o museu oferece visitas em português, inglês e castelhano.
Pedro Fonseca sublinhou a importância de “manter vivas e preservar as tradições dos territórios e das comunidades, função que o Museu do Calçado cumpre na plenitude”. Destacou também que o museu não apenas conserva a história e o legado da indústria do calçado, mas também atua como um catalisador para a inovação e o desenvolvimento futuro. “Mais do que cumprir seu papel tradicional, o Museu do Calçado mostra o presente e projeta o futuro da indústria, contribuindo significativamente para a afirmação do setor”, afirmou.
O Museu do Calçado conta atualmente com três exposições temporárias, todas disponíveis até ao final do ano. Uma delas, intitulada “A Marcha de Abril”, integra as comemorações dos 50 anos do 25 de Abril e apresenta calçado de figuras marcantes da época, tais como o Capitão Salgueiro Maia, Sérgio Godinho ou Amália Rodrigues. Outras exposições incluem uma dedicada ao ilustrador de moda português António Soares, que trabalha com grandes marcas como Chanel, e uma mostra da artista britânica Jo Cope, intitulada “O Caminho é uma Metáfora”, que “trabalha apenas em vermelho e sobre objetos relacionados com o calçado e moda conceptual”.
Para 2025, o museu já planeia novas exposições, uma das quais será dedicada ao calçado português, explorando a “Portugalidade” e o uso de materiais autóctones. Há também uma colaboração prevista com a Universidade Nova de Lisboa, centrada no plástico como matéria-prima essencial no setor do calçado.
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