Luís Onofre, presidente da Apiccaps, concedeu uma entrevista ao portal “Portuguese Shoes”. Onofre aborda o atual panorama do setor, referindo que é preciso “reforçar de forma muito substancial a presença do setor nos mercados internacionais” e que a “qualidade dos nossos produtos tem de atingir patamares superiores”. Defende ainda um “aumento do investimento em marketing e promoção externa, quer no plano institucional quer ao nível das empresas”.
As limitações às viagens e o contacto com clientes, bem como os condicionalismos à presença em feiras internacionais também preocupa o presidente da associação portuguesa do calçado. “Para um setor com as características do calçado, a participação em feiras internacionais sempre se revelou da maior importância. Permite-nos contactar com os clientes, testar novos produtos, perceber a dinâmica dos mercados e mesmo aprofundar os conhecimentos relacionados com as tendências de consumo e mesmo dos nossos concorrentes. Vamos ter de rapidamente voltar a essa dinâmica”, disse Luís Onofre, considerando que os apoios à internacionalização são “da maior importância”, na conjuntura que atravessamos.
O presidente da Apiccaps entende que as empresas do setor do calçado vão continuar a precisar “estímulos à retoma da atividade”, com destaque ao layoff simplificado, bem como os seguros de crédito. Sobre estes últimos, Onofre considera que o “Governo fez um esforço para encontrar melhores soluções, mas a verdade é que os instrumentos que temos à nossa disposição não são eficientes. É uma prioridade absoluta”.
“As estimativas apontam para que este ano se verifique uma quebra do consumo mundial de calçado na ordem dos 22,5%. Na Europa, a quebra ainda é mais expressiva, na ordem dos 27,5%. Deixarão de ser comercializados, em todo o mundo, mais de cinco mil milhões de pares de calçado”, diz Luís Onofre, salientando que “os próximos tempos não serão fáceis”, e que as “nossas empresas terão de ser capazes de apresentar soluções inovadoras”.
Ainda não se sabe como vai evoluir a pandemia, mas Luís Onofre teme um novo período de confinamento e os seus reflexos no setor do calçado: “não aguentamos um novo confinamento. Aliás, ninguém aguentará”.