Autor: Pedro Fonseca
Mestre em Economia | Diretor do Felgueiras Magazine
diretor@felgueirasmagazine.pt
Pela primeira vez desde 1982, os jornalistas portugueses estão em greve. Embora o “Felgueiras Magazine” não esteja em greve, manifestamos a nossa solidariedade e adotamos um “modo de protesto”. O cenário atual para a imprensa portuguesa é desafiador, como exemplificado recentemente pelo grupo Media Capital (responsável pelo “JN”, “DN” e pela TSF).
No que diz respeito à imprensa regional, que é o foco do Felgueiras Magazine, a sustentabilidade de muitos órgãos de comunicação social está em risco devido à quebra nas receitas de publicidade ao longo dos últimos anos. É uma situação de emergência financeira: Sem dinheiro não há jornalismo de proximidade.
Nos últimos anos, observou-se uma tendência crescente das empresas em optar pela publicidade nas redes sociais em detrimento dos jornais. Um exemplo notório em Felgueiras é a Casa das Artes, empresa da Câmara Municipal, que, ao reabrir recentemente, tem optado por promover a sua agenda e espetáculos com publicidade paga no Facebook e Instagram (empresa dos Estados Unidos da América), deixando de lado a publicidade nos jornais locais, que são empresas da terra. Importa salientar que a Casa das Artes possui total legitimidade para contratar serviços de publicidade de uma empresa norte-americana; ademais, a publicidade paga nas redes sociais apresenta diversas vantagens. Contudo, esta escolha ilustra claramente os desafios enfrentados pela imprensa local.
O apoio do governo aos meios de comunicação é praticamente inexistente. Muitos jornais locais em Portugal dependem dos apoios publicitários das câmaras municipais, o que se revela um dilema. Embora esse apoio possibilite a sobrevivência de muitos jornais, se não for feito com transparência pode condicionar a independência jornalística e informativa dos meios de comunicação locais.
Num momento em que muitos órgãos de comunicação social locais lutam pela sobrevivência, a importância do jornalismo como bem público nunca foi tão evidente. Este ano, ao celebrarmos os 50 anos da Revolução de Abril, é imperativo recordar que a “Liberdade não se escreve sem jornalismo”.