O Governo decretou recolher obrigatório e proibição de circulação ao fim de semana a partir das 13h00 em 121 concelhos, entre os quais Felgueiras. É uma das medidas para combater a pandemia. Contudo, há exceções, e a população pode sair de casa para, por exemplo, comprar bens essenciais: ir à farmácia, à padaria, ou ir às compras a um hipermercado.
Mas, os hipermercados não vendem apenas “bens essenciais”: vendem brinquedos, perfumes, roupa ou sapatos.
Um hipermercado pode estar aberto nos próximos dois fins de semana, e até fazer uma promoção de 50% de desconto em brinquedos para o Natal. Mas a loja de comércio tradicional, que se dedica à venda de brinquedos, não vai receber clientes!
Muitos hipermercados, que vão estar abertos nos próximos dois fins de semana, vendem roupa, e até podem fazer promoções. Mas a loja de comércio tradicional, que também vende roupa, não vai receber clientes!
O que vai acontecer nos próximos dois fins de semana não é justo. É concorrência desleal!
Em resumo: os pequenos nunca têm voz e sofrem as consequências. O comércio e serviços locais e tradicionais têm sofrido como ninguém os efeitos económicos da pandemia. Pior só a restauração e alojamento.
E até há soluções. Em França, o primeiro-ministro Jean Castex, face a um novo confinamento nacional motivado pela pandemia, anunciou recentemente que que as grandes superfícies comerciais francesas não vão poder vender bens não essenciais. É uma medida para evitar a competição desleal entre as grandes superfícies e o comércio local.
Apelo ao nosso primeiro-ministro, António Costa, que governe para todos os portugueses e siga, por exemplo, as boas práticas de França. Não governe apenas para os grandes, pense nos pequenos também!
Pedro Fonseca, Mestre em Economia e diretor do Felgueiras Magazine.