No último episódio do podcast “O Mais Famoso Podcast Sobre Calçado!”, Pedro Fonseca e Rui Oliveira visitaram a Vapesol para uma conversa com Décio Pereira, o CEO da empresa. As fábricas de calçado sobredimensionadas foram um dos temas abordados.
O elevado número de encomendas durante o ano de 2022, levou muitas fábricas de calçado a fazerem investimentos em máquinas e em instalações. Nesse ano, a mão de obra ao serviço do cluster do calçado aumentou 9,2%. Este ano de 2023, com a contração das encomendas, coloca-se a questão de saber se temos as fábricas de calçado sobredimensionadas para a procura existente.
Décio Pereira refletiu sobre a expansão de algumas empresas em 2022: “Há empresas que cresceram em 2022, ampliaram instalações, duplicaram os funcionários, criaram mais pavilhões… Essa era a realidade daquela altura. Hoje, a realidade é outra“. O empresário conclui que não se deve “manter o que não é sustentável. Se não é sustentável, então temos que diminuir, temos que reestruturar, temos que repensar“.
Para Décio Pereira os empresários “devem encher-se de coragem, não terem vergonha e reajustar as suas empresas. Não devem ter vergonha de passar de 100 para 50 funcionários. Se tem que ser, tem que ser“. Enfatizou também a importância de uma reestruturação consciente, alertando contra a prática de adiar decisões cruciais: “Devem fazer uma reestruturação e não praticar preços apenas para ‘vamos ver, vamos ver’, porque isso é empurrar o problema com a barriga para a frente“.
Na Vapesol, explicou o gestor, foram tomadas medidas proativas: “Fizemos um plano há meio do ano, questionando o que teríamos que fazer se fosse necessário, se a conjuntura fosse adversa. Felizmente, não precisamos, mas esse plano existe. Temos que ter coragem para isso“.
Já Rui Oliveira considera que os investimentos na ampliação das instalações ou aquisição de novos pavilhões que se verificou em 2022 não se deveu apenas ao aumento das encomendas, mas foi também uma resposta natural à diversificação da carteira de clientes e às mudanças operacionais. “Hoje em dia, trabalha-se com o dobro ou o triplo dos clientes, que têm encomendas mais pequenas,” observou, destacando a necessidade de mais espaço para acomodar uma maior variedade de produtos e processos logísticos.
No entanto, Rui Oliveira expressou preocupações sobre a sustentabilidade desses investimentos. “Qualquer gestor ou pessoa na liderança de uma empresa sabe que a estruturação de uma empresa se faz no mínimo a três anos, com perspetivas a longo prazo,” enfatizou, questionando a viabilidade de decisões baseadas em resultados de curto prazo. Alertou para o risco de recursos humanos excessivos nas fábricas, dada a contração nas encomendas e produção: “não podem ser investimentos circunstanciais ou de ocasião, têm que ser estratégicos com vista a um determinado resultado. E eu acho que as empresas vão ter que se reajustar, em particular naquilo que respeita aos recursos humanos que colocaram na estrutura, porque estão a pesar com uma falta de encomendas e de produção”. Rui Oliveira sugeriu um reajuste na indústria, focando na produção de qualidade e valor acrescentado, em detrimento da produção em larga escala. “Não me parece que o caminho seja o da produção em escala, mas sim o de produção de qualidade e valor acrescentado,” afirmou, indicando que o volume de produção poderá ser menor, mas mais focado na qualidade.
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