A Deco Proteste alertou, ontem, para a falta de equidade dos preços na fatura da água entre concelhos. De acordo com uma análise da associação, as diferenças encontradas chegam a superar os 400 euros por ano, depois de ter analisado as tarifas dos serviços de abastecimento de água, saneamento e resíduos sólidos urbanos incluídos nas faturas de água cobradas aos cidadãos nos 308 municípios do país.
No distrito do Porto, os três concelhos onde se cobra mais na fatura da água são Trofa (503,61 euros/ano), Santo Tirso (490,77 euros/ano), e Vila do Conde (480,21 euros/ano). Já os concelhos onde a fatura da água é mais barata no distrito do Porto são Felgueiras (228,24 euros/ano), Porto (269,91 euros/ano), e Marcos de Canaveses (272,8 euros/ano).
A nível nacional a Trofa (503,61 euros/ano) é também o concelho que mais cobra na fatura da água, em contraponto com Lajes das Flores (9,36 euros/ano), nos Açores.
“Os cerca de 200 quilómetros que separam a Trofa, no distrito do Porto, de Vila Nova de Foz Côa, no da Guarda, ficam aquém, simbolicamente, da distância que os afasta na conta que os seus habitantes pagaram, em 2021, pela água que saiu das torneiras das suas casas, e ainda pelo seu tratamento e pelo serviço de resíduos sólidos. Se os primeiros desembolsaram 503 euros por 120 m3, os segundos ficaram-se por 88,20 euros – menos 414,80 euros”, comunicou a Deco Proteste.
Elsa Agante, Team Leader de Energia e Sustentabilidade da Deco Proteste, exemplifica ainda que esta diferença pode levar a que “uma família de três ou quatro pessoas, em diferentes zonas do país, e com um gasto idêntico, receba faturas bastante desiguais”. E dá exemplos: “O cidadão de Vila do Conde pagou 250 euros por ano pelo abastecimento, mas, não muito longe, o de Terras de Bouro, somente 46,50. Ou, mais a sul, o de Penedono, 53,80 euros, ou ainda, nas planícies alentejanas, o almodovarense, 56,68 euros”.
Face a este cenário, a Deco Proteste defende que “é necessário o reforço do quadro regulatório no que diz respeito a regras e princípios de faturação, como primeiro pilar da redução das assimetrias a nível nacional e mecanismos de harmonização tarifária”.