O setor do calçado está de regresso às escolas. No âmbito do Roteiro do Conhecimento, iniciativa enquadrada no projeto Bioshoes4all, pretende-se desmistificar ideias pré-concebidas e apresentar a indústria do futuro.
No último ano letivo, no âmbito este Roteiro, foram promovidas iniciativas em 78 escolas das zonas de forte concentração da indústria de calçado, envolvendo 1900 jovens alunos. Números que serão reforçados já este ano.
Até 2030, a indústria europeia da moda vai necessitar de 500 mil novos colaboradores. Os dados da Comissão Europeia sugerem que o diagnóstico é comum a outros setores e afetará, em particular, países como Espanha, França, Itália e Portugal. Consciente dessa realidade, a APICCAPS tem, pelo segundo ano letivo consecutivo, em curso um “Roteiro do Conhecimento” pelas escolas, de modo a preparar as gerações do futuro e atrair uma nova geração de talento.
Em termos práticos, neste “Roteiro do Conhecimento”, estão a ser visitadas escolas de Felgueiras, Guimarães, Oliveira de Azeméis, Santa Maria da Feira e S. João da Madeira, as principais cidades de concentração da indústria de calçado. Numa primeira fase, as iniciativas dirigiram-se a alunos do 1º ciclo e pretenderam “divulgar o potencial da indústria do calçado”, “valorizar o território e atividades locais” e “potenciar a indústria local”. Mais tarde, passaram a ser abordados os alunos do 2º e 3º ciclo, apresentando-lhes a fábrica do futuro.
“À medida em que o setor de calçado e de artigos de pele vá evoluindo para novos patamares de excelência, a contratação de profissionais altamente qualificados é uma prioridade”, considera Luís Onofre. Para o Presidente da APICCAPS, “continua a existir na sociedade um conjunto de estereótipos relacionados com os setores industriais que importa desmistificar. Ainda que não seja um problema exclusivamente português, há um trabalho de proximidade a desenvolver”. Luís Onofre destacou, igualmente, “o papel absolutamente decisivo desenvolvido pelas autarquias das zonas de forte concentração da indústria de calçado”.
Este “Roteiro do Conhecimento” terá uma duração de três anos, e enquadra-se no Plano Estratégico do Cluster do Calçado 2030.
Para a vereadora da educação de Felgueiras, “pais criativos são pais que se dedicam à educação dos seus filhos e esse é um dos principais objetivos deste projeto”. Mas, continua Ana Medeiros, “para alem da função pedagógica, sendo representantes de concelhos de forte concentração da indústria de calçado, temos uma função empresarial e do futuro profissional das nossas crianças”.
De acordo com Rui Cabral, da Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis “a sensibilização é muito importante para que as nossas crianças possam ser agentes ativos desta indústria no futuro, para continuemos a ser uma referência nacional e mundial”. O autarca considera “essencial quando estes projetos ligam as crianças com a indústria real. Podíamos comparar este projeto a uma corrida de testemunhos: estamos a dar bom testemunho e os nossos jovens têm um papel fundamental”.
“Este projeto é absolutamente notável. Porque é na raiz que a Árvore nasce. Sabemos que demora tempo, mas este projeto vai certamente gerar frutos. Dar cola, num futuro próximo, significará usar um braço robótico, é programação, é informática. Esse é o futuro que estamos hoje a demonstrar. A formação profissional é um caminho e ainda existe um grande estigma relacionado com este tipo de ensino. Nós precisamos de profissionais e de bons profissionais, de pessoas que ajudem a impulsionar o setor do calçado”.
Já Irene Guimarães defende que “este projeto veio enriquecer tudo que já existia na nossa cidade, sustentando-o na ligação entre as escolas, as crianças, a indústria de calçado e as pessoas”, A vereadora da Câmara Municipal de S. João da Madeira acredita que “este projeto é crucial para dar a conhecer o trabalho esta indústria nas cidades onde esta implementando. Aquilo que nos cumpre hoje é aproveitar este trabalho desenvolvido nas escolas e que envolveu professores e famílias, e passar o testemunho”.