A fábrica de calçado da Ara, em Seia, um dos principais empregadores da região, comunicou na sexta-feira o despedimento de 130 trabalhadores, numa decisão influenciada pela crise no mercado europeu e os efeitos prolongados da guerra na Ucrânia. A notícia, divulgada pelo jornal Seia Digital, sublinha a série de reajustamentos operacionais e estratégicos que a empresa tem vindo a implementar face às adversidades económicas.
Segundo o Seia Digital, a ARA tem implementado diversos ajustes operacionais nos últimos tempos. Iniciou com o encerramento do departamento responsável pela fabricação de solas e pela pintura. A seguir, houve uma dispensa do pessoal na secção de montagem. Adicionalmente, cerca de 200 colaboradores ficaram em casa durante dois meses, à espera de novas encomendas que não se concretizaram.
A administração justifica o despedimento coletivo aos funcionários com a necessidade de adaptar a estrutura da empresa a um “contexto único”, marcado pela contração no consumo de calçado nos principais mercados de exportação – Alemanha, França e Áustria – e pelo bloqueio das vendas para a Rússia, até então um mercado significativo para a Ara Shoes, agora inacessível devido às sanções internacionais.
A comunicação aos trabalhadores destacou que a reorganização responde a “motivos de natureza tecnológica e estrutural”, inseridos num panorama de diminuição das expectativas de venda e de produção, especialmente sentidas na sede da empresa na Alemanha. Este cenário obrigou a uma paragem na produção nos meses de fevereiro e março, com uma retoma limitada prevista apenas para abril, sob capacidade reduzida.
O Seia Digital avança ainda que a seleção dos colaboradores a despedir baseou-se em critérios como a versatilidade, o nível de absentismo e o conteúdo funcional, além de terem sido consideradas as situações pessoais e familiares, visando minimizar o impacto financeiro e pessoal dos afetados. Este processo de despedimento coletivo, segundo a Ara, visa a reorganização da capacidade produtiva da unidade de Seia, garantindo a sustentabilidade dos postos de trabalho remanescentes e a competitividade da empresa no mercado internacional.
Apesar do despedimento de 130 trabalhadores, a Ara em Seia irá manter cerca de 550 postos de trabalho.