Manuel Machado, engenheiro e residente em Felgueiras há mais de 25 anos, é um empresário destacado do concelho. Nascido em Celorico de Basto em 1963, fundou o gabinete de projetos M2 – Arquitetura e Engenharia em 1988, que conta com 18 técnicos, e a EPS, empresa de poliestireno expandido (vulgarmente conhecido por “esferovite”), em 2012. A empresa, com 25 funcionários, é reconhecida pela sua tecnologia avançada e produtos de alta performance térmica, sendo uma referência nacional e ibérica com um volume de negócios anual de cerca de oito milhões de euros. Fora do trabalho, Manuel Machado é um entusiasta de desportos ao ar livre, viagens e natureza. O Benfica é o seu clube do coração. Com quatro filhos e um neto, valoriza profundamente a família.
A EPS teve o seu início em 2002 (…) Foi uma aventura e, de certa forma, um risco. Não estou arrependido.
Manuel Machado
Qual a história por detrás da EPS? Como é que tudo começou?
A EPS teve o seu início em 2012. Em primeiro lugar, formei-a porque tinha curiosidade em produzir e comercializar algo da minha área de intervenção, que é a engenharia. Em segundo lugar, porque estávamos a viver uma época de recessão na construção, com reflexo no próprio escritório M2, em que tínhamos muito menos projetos. Então, pensei no fabrico de produtos térmicos para o isolamento das construções no seu geral, em particular no campo da reabilitação e reconstrução. Como começaram a diminuir as construções novas, começou a ser tempo de reconstruções e beneficiações. E o material que produzimos é, precisamente, mais direcionado para a reabilitação. Por outro lado, estava em marcha a obrigatoriedade das certificações energéticas nos edifícios. Daí a necessidade de termos materiais certificados nessa área. Foi uma aventura e, de certa forma, um risco. Não estou arrependido.
Qual é o segredo do sucesso da EPS?
O segredo do sucesso é a soma de três ingredientes: espírito de equipa, estudo e dedicação. Tão simples quanto isso.
A questão da sustentabilidade é importante no poliestireno expandido?
Obviamente temos a consciência e a obrigação de contribuir para a sustentabilidade do planeta. Na qualidade de engenheiro, e sobretudo na qualidade de empresário, fazemos tudo o que está ao nosso alcance na EPS para atingir os objetivos que o mundo e que o planeta precisa. Por isso, instalámos painéis fotovoltaicos, equipamentos sustentáveis, e adquirimos para os motoristas e para os comerciais veículos elétricos.
Ninguém tem uma varinha mágica para o sucesso, mas o mais importante é precisamente o espírito de equipa.
Manuel Machado
Que valores, pessoais ou profissionais, valoriza mais nos seus colaboradores?
Eu tive e tenho o privilégio de, ao longo destes 35 anos de trabalho, ter a possibilidade de liderar e conviver com pessoas com excelentes valores humanos. No fundo, é reflexo dos portugueses e de Portugal. Somos um povo de trabalhador, íntegro e honrado. Todos os meus colaboradores, sem exceção, são respeitadores, solidários e … alegres. É imperioso alegria no trabalho. Ninguém tem uma varinha mágica para o sucesso, mas o mais importante é precisamente o espírito de equipa. Sem espírito de equipa não chegamos a lado nenhum por uma razão muito simples: é que em termos individuais somos insuficientes. Cada um de nós sabe uma ínfima parte do conhecimento geral. É o somatório de vários conhecimentos que faz com que as empresas tenham sucesso. Sobre isso não tenho dúvida absolutamente nenhuma.
De que projeto ou realização da EPS se sente mais orgulhoso?
É uma pergunta a que tenho de dar uma resposta muito geral. Sinto orgulho em tudo o que se conseguiu: colocar a EPS como empresa de referência do país e da Península Ibérica, e continuar a liderar o gabinete de maior reputação da região que é o M2. Tudo se deve, em primeiro lugar, àqueles e àquelas que trabalham comigo.
Se pudesse voltar atrás no tempo, há algo que faria de forma diferente?
Isso daria pano para mangas. Para ser sério comigo mesmo, tenho de dizer que nem tudo o que fiz ao longo da vida foi bem feito. E naturalmente isso teve e tem algumas consequências. No entanto, o saldo final é, modéstia à parte, bem positivo. Eu terminava com uma expressão latina que manifesta aquilo que é a vida do homem e da mulher enquanto andar aqui: “errare humanum est”. Errar é próprio do homem.
Coragem e estudo (…) São os dois vetores fundamentais para a criação e, depois, a laboração de uma empresa.
Manuel Machado
Que conselhos dava a um jovem empreendedor que quisesse abrir uma empresa semelhante à sua?
Dava dois conceitos: coragem e estudo. Coragem para enfrentar as contrariedades e nunca desistir quando elas surgirem. E estudo aprofundado, tanto em termos individuais como em equipa, para resolver com mestria os dossiers inerentes a uma empresa produtora. O conhecimento que adquirimos por nós próprios é absolutamente impagável. Portanto, são os dois vetores fundamentais para a criação e, depois, a laboração de uma empresa.
Citação: “Coragem e estudo (…) São os dois vetores fundamentais para a criação e, depois, a laboração de uma empresa.”
O que é que Felgueiras não tem, mas que deveria ter?
Felgueiras é uma terra exemplar, de paisagens deslumbrantes e de um povo hospitaleiro. Eu próprio devo muito a Felgueiras. As terras e os projetos nunca estão acabados. Mas diria que, assim de relance, precisamos de uma verdadeira e aprazível área de lazer, o que chamamos comummente de “Parque da Cidade”, para que possamos desfrutar da natureza e praticar desporto, convivendo em simultâneo. Até para provocar a vinda de todos os felgueirenses à cidade. Um parque de lazer de várias valências, para que possamos ter ainda mais atração pelo concelho, tanto aos fins de tarde como aos fins de semana. Sendo certo que cada cabeça, sua sentença. Ao mesmo tempo, como disse, os projetos das terras são sempre projetos que não estão acabados, há sempre coisas a fazer, melhorias nas infraestruturas, nas redes viárias. Mas os municípios, sejam quais forem e de que quadrante político sejam, têm naturalmente isso em mente.