Felgueiras volta a receber a partida de uma etapa da Volta a Portugal em Bicicleta, tal como tem recebido, por exemplo, o Rally de Portugal. São eventos que ficam caros à Câmara Municipal de Felgueiras, e pagos com os nossos impostos: a última passagem do Rally custou mais de 155 mil euros aos cofres da autarquia, e a Volta a Portugal em Bicicleta custou 20 mil euros. Não vou analisar se o preço é alto ou baixo: é o que é.
Atendendo aos valores, estes eventos servem para muito mais do que para momentos de lazer dos felgueirenses. Poderão ser ferramentas de promoção do território, das nossas atividades económicas, do nosso turismo, da gastronomia e dos vinhos, do calçado. Eventos como o Rally e a Volta a Portugal têm imensa projeção mediática.
Costumo dizer que, se uma Câmara Municipal gasta 150 mil euros para trazer para o concelho um grande evento como o Rally de Portugal, deve gastar outro tanto em ações de promoção e de marketing, de forma a tirar o maior partido do investimento feito. Estes grandes eventos permitem criar efeitos multiplicadores sobre a economia local.
Há várias formas de atrair atenção para o concelho: criar campanhas e eventos promocionais, envolver influenciadores e jornalistas para aumentar a visibilidade ou investir em anúncios online e offline são algumas estratégias que se poderiam colocar em prática para promover Felgueiras. Há muitas estratégias diferentes que podem ser usadas!
Por exemplo, e algo simples: o que acham se a Volta a Portugal em Bicicleta, em vez de começar no centro da cidade de Felgueiras, começasse num produtor de vinhos, como a Quinta de Maderne ou a Quinta da Lixa? Não seria muito mais benéfico para a economia local, dando visibilidade aos vinhos de Felgueiras? Ou no caso do Rally de Portugal, que tem muita projeção no estrangeiro, se a “classificativa de Santa Quitéria” mudasse o nome para “classificativa Felgueiras Shoes”?
Temos no concelho de Felgueiras outros eventos que podem captar atenções e potenciar Felgueiras a nível de marketing territorial. “A Chave”, a arruada de bombos do São Pedro, é um desses exemplos. Há espanhóis que já procuram Felgueiras para verem a arruada de bombos. “A Chave” marca o início da popular Feira de Maio. Se bem trabalhado ao nível do marketing, este poderia ser um produto turístico que atraísse a Felgueiras centenas ou milhares de pessoas: a perfeita “escapadinha” de primavera.
Área de Acolhimento Empresarial do Alto das Barrancas impressiona!
No mês passado, visitei a Área de Acolhimento Empresarial do Alto das Barrancas e fiquei impressionado com a dimensão do espaço. É enorme! Aconselho todos a visitar o local. A Câmara de Felgueiras já investiu largos milhões de euros nesta área, e a sua dimensão é realmente impressionante.
No local, já está em construção a futura fábrica da Somfy, que irá criar 800 postos de trabalho. As obras estão em andamento e já é possível ver parte da estrutura. A “primeira pedra” da Coloplast foi lançada na sexta-feira, e prevê-se que a fábrica fique concluída e comece a operar em 2026, criando 1000 postos de trabalho. Há ainda uma empresa de Vizela que também irá instalar uma fábrica nas Barrancas. No total, serão cerca de 2000 novos postos de trabalho criados nos próximos anos.
Estes empregos não serão apenas para a população de Felgueiras, mas também atrairão muitos trabalhadores dos concelhos vizinhos. Entre os empresários do setor do calçado, especialmente nas fábricas localizadas perto do Alto das Barrancas, há uma ligeira preocupação: haverá mão de obra suficiente para as fábricas de calçado e para as novas fábricas que se vão instalar na Área de Acolhimento Empresarial do Alto das Barrancas?
O que espero saber com expectativa é que tipo de recursos humanos as duas multinacionais (Somfy e Coloplast) vão precisar, tanto ao nível da formação como ao nível salarial. Será diferente da restante indústria do concelho de Felgueiras?
Felgueiras é um dos concelhos do país com salários mais baixos. Precisamos de empresas e de políticas que ajudem a inverter esta situação.