Designer do Norte, embaixador da feminilidade e das silhuetas clássicas, Diogo Miranda formou-se em Design de Moda pela Cenatex, e pouco depois iniciou um estágio em Sevilha, no atelier de Miguel Reyes. Começou o seu percurso profissional em 2007, e desde então as suas peças têm corrido o mundo, pelas suas marcantes campanhas, pela presença em editoriais de grande notoriedade, e pelas figuras públicas que as fazem desfilar como a modelo Sara Sampaio.
Em 2015, estreou-se na Paris Fashion Week, onde chamou todas as atenções, nomeadamente as do New York Times e Harper’s Bazaar. Nesse mesmo ano, recebeu o prémio GQ Men of the Year, atribuído pela edição portuguesa da revista masculina.
Atualmente, a sua loja e atelier estão sediados em Felgueiras, onde tem as suas atuais coleções, bem como o atendimento personalizado para noivas. O designer tem também participado em inúmeros showrooms internacionais, nomeadamente em Paris, Londres, Berlim e Nova Iorque.
Após dois anos de medidas restritivas, devido à pandemia, Diogo Miranda marcou presença na 50ª edição do Portugal Fashion, que decorreu de 16 a 19 de março, na Alfândega do Porto.
Felgueiras Magazine – Como nasceu o estilista Diogo Miranda? O que o levou ao universo da moda?
Diogo Miranda – Devido ao facto da minha família estar ligada à indústria do calçado e têxtil, sempre tive essa imagem muito presente no meu dia-a-dia, esse ambiente sempre me acompanhou durante o meu crescimento. Por isso, acho que foi uma coisa orgânica e natural, o facto de ter escolhido ser designer de moda. Se não fosse, seria algo dentro das artes, arquitetura ou decoração, a meu ver todas estas áreas acabam por estar ligadas.
Felgueiras Magazine – O que é que uma mulher tem de ter para usar uma peça de Diogo Miranda?
Diogo Miranda – Em primeiro ponto, acho que têm que se identificar com o meu universo, e também com a forma como eu gosto de ver uma mulher vestida. Posto isso, acho que o resto depende da personalidade de cada mulher, e da sua atitude.
Felgueiras Magazine – Hoje em dia, a qualidade perde, muitas vezes, importância devido ao fácil acesso aos produtos baratos e à fast fashion. Acha que as marcas de grande consumo são uma ameaça às marcas de autor?
Diogo Miranda – Não de todo. Acho que são mercados de nicho diferentes, e públicos completamente opostos. Quem dá valor a peças de qualidade com design, raramente veste roupa de fast fashion. Além disso, as marcas fast fashion dependem do que se faz no high fashion, para de certa forma replicar a preços mais reduzidos.
Felgueiras Magazine – Alguma vez se sentiu, de alguma forma, prejudicado profissionalmente por estar em Felgueiras e não numa grande cidade, como Lisboa?
Diogo Miranda – Não de todo. Para mim, o facto de ter o atelier em Felgueiras é apenas por motivos de logística, e de mão de obra. Até porque os clientes que temos cá, são muito poucos, ou até mesmo situações pontuais. Maioritariamente os nossos clientes que se deslocam ao Atelier, vêm do Porto, Braga, Lisboa, etc. Os que não podem vir até cá, acabam sempre por adquirir através do nosso online shop.
Felgueiras Magazine – Sente que o concelho de Felgueiras apoia e reconhece o seu percurso profissional, ou poderia ser feito algo mais?
Diogo Miranda – Nunca senti reconhecimento, mas também acaba por ser um pouco irrelevante. Felgueiras é uma cidade industrial, onde as pessoas vivem para trabalhar, não tem movida, portanto, é normal a maior parte das pessoas nem saberem da minha existência, ou dos feitos que fiz durante estes 15 anos de carreira.
Felgueiras Magazine – Há alguma peça que lhe tenha dado particularmente gosto e orgulho em criar?
Diogo Miranda – Todas as coleções dão, todas as clientes são especiais, tudo tem horas de empenho e dedicação, para que no fim todos fiquem satisfeitos.
Felgueiras Magazine – Qual foi o momento mais marcante, pela positiva, da sua vida profissional até hoje? E o momento mais difícil?
Diogo Miranda – Quando me estreei na semana de moda em Paris em 2015, onde tive a honra de ter a Caroline D´Maigret a assistir ao desfile, ou vestir várias celebridades internacionais, ou até mesmo críticas na Harper´s Bazaar. Os momentos menos bons são sempre os imprevistos que aparecem em todos os momentos da vida profissional, que acabam sempre por se contornar.
Felgueiras Magazine – Conquistou o mundo da moda. Ainda há algum “sonho” que gostasse de concretizar?
Diogo Miranda – Como dizia o Victor Hugo, “there is nothing like a dream to create the future”. Acho que todas as pessoas têm que sonhar e lutar por eles até se tornarem realidade. Eu vou continuar a trabalhar para conquistar e tornar os meus realidade.