O mundo, como o conhecíamos, mudou radicalmente. Prova disso é Patrícia Costa, responsável da Q´Viagem, que afirma que há duas décadas atrás “não se vendia viagens como se vende agora, não existiam as companhias de baixo custo. Vendia-se muita hotelaria, mas só os empresários é que viajavam”. A profissional explica que atualmente, com o crescimento das companhias de baixo custo, “houve um aumento muito grande, porque toda a gente viaja. Desde os jovens, até às pessoas com mais idade“.
Quando a questão é a importância de adquirir férias numa agência de viagem, Patrícia Costa sublinha que “é mais seguro que comprar pela internet”, onde “nem sabemos bem que tipo de hotelaria é que estamos a comprar”, afirmando com ironia que “muitas vezes chega-se ao destino, e nem temos alojamento“.
A especialista comenta que “o covid impulsionou a procura por agências de viagem, por causa dos seguros“, uma vez que “toda a gente que tinha comprado pela internet, perdeu o dinheiro, enquanto que quem tinha comprado pelas agências não“. Patrícia Costa explica que “as agências tinham acordos com as companhias”, e que, em muitos casos, adiantaram “o dinheiro ao cliente, e só depois é que recebemos”, garantindo que houvesse sempre “uma segurança”.
Quando se fala sobre a diferença dos valores, a agente confessa não entender as dúvidas dos viajantes, comentando que “se a diferença do preço entre comprar na internet e comprar na agência fosse metade, eu até entendia, e até eu comprava pela internet. Mas não há grandes diferenças. Muitas vezes, é mais barato até comprar nas agências, uma vez que estas possuem acordos com os hotéis“.
“Hoje em dia compensa ir a uma agência”, afirma convictamente Patrícia Costa. “Aqui conhecemos os clientes, sabemos até quanto querem gastar, e por isso, trabalhamos muito melhor do que a internet”, conclui.
A profissional realça ainda a atual diferença “na escolha dos destinos de há década para cá”, justificando que “com as low-cost, o mundo tornou-se muito pequeno. Há destinos que quase ninguém visitava, destinos que mal tinham turismo, e que, hoje em dia, estão em alta, e extremamente desenvolvidos“.
Há cada vez mais destinos novos para onde viajar, e Patrícia Costa revela um deles: Senegal. “Nunca tínhamos vendido nenhuma viagem para o Senegal, mas agora que foi lá construído um hotel, já é possível”, comenta, explicando que, atualmente, “a África começa a ser muito procurada porque as pessoas, começaram a viajar tanto, já conhecem tanto, que querem cada vez mais destinos diferentes.
Quanto a Portugal, é com admiração que Patrícia Costa afirma que o Algarve “nunca se vendeu tanto como agora. É muito para os estrangeiros sim, mas os portugueses também aderem bastante. É hotelaria atrás de hotelaria, eles constroem cada vez mais, porque há cada vez mais”.
Também em crescimento estão as ilhas da Madeira e dos Açores. Patrícia recorda que “antigamente para lá ir, principalmente aos Açores, quase não existia hotelaria, e basicamente só havia um voo semana”, realidade que contrasta com o momento atual.
Patrícia Costa menciona a importância “das redes sociais, e dos influencers”, no processo de valorização não só do ato de viajar, bem como dos destinos em si.
“Este ano, está a ser um ano atípico para a agência. Temos vendido muitos destinos diferentes”, sublinha Patrícia Costa, comentando que antes se vendiam muitas viagens para as Caraíbas, República Dominicana, México e Cuba, ao contrário de 2022 “um ano em que se tem vendido tudo”. Desde Zanzibar, ao Quénia, Maldivas à Tunísia, Patrícia Costa confessa que se vende destinos “cada vez mais caros. Seicheles por exemplo, também nunca tinha vendido, e este ano aconteceu”. “Estamos a falar de destinos de 10.000€”, comenta perplexa.
Quando o tema chave são conselhos, Patrícia Costa destaca que se deve “reservar viagens com antecedência”, explicando que deste modo “fica muito mais barato do que comprar agora“, e que inclusivamente “as pessoas vêm para comprar, e quase que já não há. E o que há, está extremamente caro, principalmente para agosto, que é quando quase toda a gente em felgueiras tira férias“.
Patrícia Costa revela ainda um segredo para os mais desatentos: “novembro, por exemplo, na Black Friday, é uma altura excelente para comprar pacotes charter, pois eles isentam as taxas”.
Quando questionada sobre as expetativas do futuro, Patrícia Costa diz que “se isto não piorar, se nada for cancelado, vai ser um excelente ano“. Em tom de desabafo, a profissional esclarece que “esta área é bonita, mas é preciso ter alguma paciência. Às vezes as pessoas esquecem-se que os produtos, os hotéis, e os voos, não são nossos. Nós somos só intermediários, e muitas das vezes as coisas não funcionam como nós queremos”.
Atrasos nos voos e perdas de malas, são alguns dos imprevistos que podem acontecer numa viagem. A agente garante que apesar da “responsabilidade” não ser da Q´Viagem, a empresa tenta sempre “resolver da melhor maneira”.