No último episódio do podcast “O Mais Famoso Podcast Sobre Calçado!”, Pedro Fonseca e Rui Oliveira visitaram a Vapesol para uma conversa com Décio Pereira, o CEO da empresa. A falta de encomendas na indústria do calçado foi um dos temas abordados.
Questionado sobre o estado das encomendas para a coleção Primavera/Verão, atualmente em produção, Décio Pereira respondeu que, após um ano excecional em 2022, a indústria do calçado está a enfrentar uma realidade desafiadora tanto em termos de encomendas quanto financeiros. “Infelizmente, para o setor, o que se está a refletir, após um ano excecional como foi o de 2022, é uma realidade dura. Não só em termos de encomendas, mas também financeiros. Não em todas as empresas, mas nota-se claramente quais as empresas tinham ‘estofo’ e quais não tinham. Quais as que saíam de casa e quais não saíam. É agora que se nota isso”, disse.
Rui Oliveira analisou a conjuntura económica e a sua influência na indústria: “Os dados económicos e a atividade industrial fizeram-nos perceber que os últimos anos, com o excedente de produção e a crise inflacionista que veio a seguir, iriam naturalmente ter alguns efeitos negativos a médio prazo, e eles estão a sentir-se ao longo deste ano”. Rui Oliveira projetou um cenário prolongado de dificuldades: “Na minha opinião, as dificuldades vão continuar a sentir-se, não só nesta estação, mas provavelmente durante o ano de 2024”.
“Os clientes estão bastante expectantes e ao mesmo tempo cautelosos nas encomendas que fazem para a indústria do calçado. E isto não é só em Portugal, é um fenómeno global”, observou Rui Oliveira, que alertou para as dificuldades das empresas menos capitalizadas: “As empresas mais descapitalizadas, aquelas sem ‘estofo’ financeiro para enfrentar este período, vão sentir dificuldades nos próximos meses”.
“Não vai ser fácil. Vamos viver uma luta e precisaremos de muita coragem para o que aí vem. Até meados de março, talvez. Porventura, nessa altura, com alguma atividade nas encomendas de inverno, que normalmente são melhores para Portugal e para a indústria portuguesa do calçado, poderá haver algum tipo de retoma”, espera Rui Oliveira, que conclui com uma nota de esperança, mas também de cautela: “Espera-se que em meados do ano a própria atividade internacional possa melhorar. Não se perspetivam melhorias significativas até lá”.