Pedro Melo Lopes é um médico felgueirense que está na linha da frente da luta dos profissionais de saúde contra a covid-19.
Numa mensagem enviada a Nuno Fonseca, presidente da Câmara Municipal de Felgueiras, Pedro Melo Lopes conta que está “há uma semana a trabalhar diariamente no SNS para ajudar a minimizar os danos deste flagelo” e que tem assistido a um “agravamento quer do número de casos, bem como do número de pessoas com sintomas e principalmente do número de doentes graves que precisam de cuidados hospitalares diferenciados”.
Atendendo à situação que vem de Itália e Espanha, Pedro Melo Lopes está preocupado: “temos fábricas com centenas de pessoas a trabalhar, temos obras públicas a decorrer e temos pessoas irresponsavelmente a percorrer a cidade durante o dia. Ainda não temos outra forma de controlar esta doença que não seja o isolamento social e a persistência das medidas de desinfeção”.
“Peço-lhe, do fundo do coração, em nome desta cidade que os dois amamos, que use o poder que lhe foi confiado seja o regimental e legal, seja o de persuasão, tendo em conta a popularidade e aprovação que goza junto do Felgueirenses, mas ajude-nos, a mim e aos outros profissionais de saúde, a salvar as nossas famílias”, diz o médico.
“Pare Felgueiras hoje, para sermos mais prósperos e mais fortes amanhã” é o apelo de Pedro Melo Lopes a Nuno Fonseca.
Leia na integra a mensagem de Pedro Melo Lopes, enviada a Nuno Fonseca, presidente da Câmara Municipal de Felgueiras:
Boa noite Presidente.
Sei que algumas vezes discordamos politicamente, mas hoje é hora de concordarmos em nome da VIDA. Das nossas vidas, dos nossos familiares e dos nossos cidadãos.
Estou há uma semana a trabalhar diariamente no SNS para ajudar a minimizar os danos deste flagelo. E tenho assistido consecutivamente a um agravamento quer do número de casos, bem como do número de pessoas com sintomas e principalmente do número de doentes graves que precisam de cuidados hospitalares diferenciados.
Neste momento e atendendo à réplica que vem de Itália e Espanha, é lamentável que a nossa cidade esteja em duas direcções.
Temos pessoas civilizadas e responsáveis que há mais de uma semana atrás fecharam os seus estabelecimentos que fomentavam o aglomerado de público, temos muitos profissionais de saúde que todos os dias saem e entram no concelho (como o meu caso) porque é nossa obrigação lutar pela VIDA, mas depois temos fábricas com centenas de pessoas a trabalhar, temos obras públicas a decorrer e temos pessoas irresponsavelmente a percorrer a cidade durante o dia.
Ainda não temos outra forma de controlar esta doença que não seja o isolamento social e a persistência das medidas de desinfeção.
Hoje seria tarde, mas amanhã será pior!
Peço-lhe, do fundo do coração, em nome desta cidade que os dois amamos, que use o poder que lhe foi confiado seja o regimental e legal, seja o de persuasão, tendo em conta a popularidade e aprovação que goza junto do Felgueirenses, mas ajude-nos, a mim e aos outros profissionais de saúde, a salvar as nossas famílias.
Presidente, chegou a hora de agir, para no futuro não sentirmos a mágoa e angústia de não termos tomado uma decisão simples. Afinal, este vírus mostra-nos o quanto a vida é e pode ser simples. Nós é que tornamos complexa.
Não se deixe enganar pelos números, pelas normas, nem pelos diplomas que vem de Lisboa. Eles foram feitos por quem há poucas semanas atrás dizia que este vírus não era “tão perigoso como o outro e que dificilmente causaria estragos em Portugal.”
Tenho familiares, amigos e colegas doentes. O cenário nos hospitais é de “guerra” onde persiste a dúvida e o medo. Além de poucas camas, temos um reduzido número de médicos com diferenciação em cuidados intensivos que são a última linha para a manutenção da vida.
Essa vida que lhe venho suplicar hoje.
Essas vidas, que de uma boa decisão hoje, podem ser salvas amanhã.
Não espere decisões do governo. Não espere decisões centrais.
PARE Felgueiras hoje, para sermos mais prósperos e mais fortes amanhã.
Pelas nossas famílias.
Pelos nossos profissionais.
Peço-lhe Felgueiras num sentido único contra o coronavirus.
O povo ouvi-lo-á!
Pedro Melo Lopes