Desde 2018, José Artur Cunha e a sua equipa diretiva têm sido a força motriz por detrás da ressurreição da ACR Sendim, um clube que se encontrava no limiar da extinção, reduzido a “paredes e duas balizas” após anos de abandono. Sob a sua liderança, o clube não só recuperou como começou a prosperar, demonstrando que, mesmo nas condições mais desfavoráveis, a paixão e o empenho podem florescer.
No futebol, o clube ascendeu até à 2.ª Divisão da Associação de Futebol do Porto, conquistando este ano um importante 4.º lugar. Mas a visão da direção de José Artur vai além dos resultados imediatos. Na última época, a Associação apostou, pela primeira vez, na formação, tendo atualmente “três escalões, o que totaliza 36 jovens”, incluindo dois jovens com autismo, representando um sucesso na inclusão desportiva.
Mas o futebol é apenas uma parte da história. A equipa sénior de futsal, apesar de sua criação recente, já é uma força competitiva na liga Associação de Modalidades Amadoras de Fafe (AMAF). Tem também um grupo de bombos com 25 elementos, que começou por “brincadeira” quando decidiram participar na arruada de bombos “A Chave” do São Pedro, em Felgueiras. O projeto foi crescendo e “está a correr bem, e já atuámos em algumas festas este ano”, conta José Artur Cunha.
Cada nova iniciativa demonstra como a ACR Sendim transformou a paixão em ação, um eco do compromisso dos seus voluntários, que sacrificam tempo pessoal e enfrentam desafios quotidianos para manter o clube vivo. José Artur Cunha, com a sinceridade de quem conhece o peso de cada decisão, confessa que liderar o clube não é fácil. “Não é fácil ser diretor do Sendim”, admite, mas a motivação para persistir vem do coração — um coração que bate forte pelo clube que aprendeu a amar graças ao ensinamento do seu falecido pai. A colaboração dentro da diretoria, que inclui responsáveis pela formação, futsal e bombos, não é apenas funcional; é fraterna, evidenciando que “quando é preciso ajudar, ajudam todos”.
Os desafios são reais, especialmente em termos financeiros e operacionais, mas José Artur vê nas dificuldades uma oportunidade para unir ainda mais a comunidade. Considera, contudo, que não se pode “queixar em relação aos patrocínios das empresas, tendo em consideração a situação atual do concelho e do setor do calçado”.
O dirigente sublinha ainda a importância do apoio da Câmara Municipal de Felgueiras, afirmando que “sem o RADA (Regulamento de Apoio ao Desporto Amador), muitos clubes teriam fechado”, considerando que o apoio “é o fundo principal de todos os clubes”. José Artur Cunha salienta que, mesmo sendo um clube “pequeno”, há sempre “despesas de gás, água, luz, tratamentos de jogadores, lanches, transporte” que precisam de ser pagas mensalmente.
Quanto a momentos felizes, o presidente da ACR Sendim recorda o primeiro jogo da AMAF: foi o momento onde a Associação voltou a “rolar” depois de ter assumido a direção. O responsável admite que, “depois de ter visto como estava o campo”, até ele próprio teve dificuldades em acreditar que iam conseguir.
Apesar disso, José Artur Cunha considera que o dia mais feliz será “quando for inaugurado o sintético”, pois é uma obra que quer e prometeu ao falecido pai, a pessoa que o “ensinou a gostar do clube”. O dirigente acredita que, “junto com a Câmara, esse sonho está perto de acontecer”. No entanto, apesar de o projeto estar encaminhado, não quer fazer promessas.
Olhando para o futuro, o presidente da ACR Sendim estabelece como objetivo desportivo “fazer melhor do que o ano passado”, ambicionando mais do que o 4.º lugar para o próximo ano. Por outro lado, para a próxima época, “a aposta principal é a formação, que custou a arrancar, mas vai continuar a crescer”. Por esse motivo, vão “tentar federar os escalões que atualmente estão no campeonato amador”. Quanto às restantes atividades, o objetivo “é continuar a apoiar os bombos, e que o futsal continue a tentar alcançar o melhor possível”.
Em Sendim, cada dia é mais uma oportunidade de fazer história, juntos, como uma verdadeira família.