O Cluster do Calçado e Moda evoluiu de atividades lideradas pela manufatura e mão de obra para atividades lideradas pelo mercado e baseadas no conhecimento, tirando vantagens do design e da moda e preservando a capacidade de produção em Portugal. Para se manter competitivo, o Cluster tem que apostar na criatividade, dominar todo o processo de produção e o ciclo de vida do produto, acrescentando valor em cada fase e abraçando os desafios, tendências e oportunidades sociais, de mercado, tecnológicas, a indústria 4.0 e a economia circular.
Decorridos dois anos de trabalho, os co-promotores do projeto de I&DT mobilizador FAMEST realizaram no passado dia 29 de janeiro de 2020, nas instalações do CTCP, em São João da Madeira, uma AÇÃO DE DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS E WORKSHOPS. Numa altura em que o projeto transfere os trabalhos de investigação para uma fase de testes piloto.
O FAMEST é um projeto financiado pelo Compete2020 e é promovido por um consórcio completo de 32 co-promotores: 23 empresas de toda a cadeia de valor do calçado: couros, palmilhas, solas, produtos químicos, software, equipamentos, logística e calçado, representativas e líderes nos seus setores, e 9 entidades de I&I com competências multidisciplinares e complementares, que asseguram o desenvolvimento de resultados inovadores e a sua valorização económica pelos promotores nos mercados nacional e internacional.
PRINCIPAIS INOVAÇÕES APRESENTADAS
1- INDÚSTRIA 4.0 E ECONOMIA DIGITAL
Uma das áreas
estudadas pelo consórcio, foi a Indústria 4.0 e economia digital, e, neste
campo os parceiros desenvolveram já ferramentas e tecnologias que estão em
condições de serem implementadas nas empresas, nomeadamente:
FERRAMENTAS DE DESIGN E SOLUÇÕES DE MODELAÇÃO
• Metodologias de design, co-design e eco-design para apoio
ao desenvolvimento de calçado e novos produtos de calçado.
• Ferramentas de modelação e simulação para estudo e
otimização dos processos de extrusão e injeção; das propriedades
físico-mecânicas dos materiais e componentes e de propriedades de conforto.
SOLUÇÕES INOVADORAS DE EQUIPAMENTOS DE CORTE POR FACA E POR JATO DE ÁGUA
• Equipamento de corte por jato de água e um equipamento de
corte por faca. Sistemas ágeis e flexíveis, com 2 cabeças de corte que operam,
em simultâneo e de forma independente, com divisão automática do trabalho.
Estes sistemas já se encontram em fase de teste piloto e permitem aumentos de
produtividade que variam entre 70% a 100% dependendo do tipo de material.
DIGITALIZAÇÃO DO CLUSTER DO CALÇADO
• Plataforma IIOT
• AGV para movimentação de materiais, componentes e produtos no processo de produção do calçado
NOVOS EQUIPAMENTOS PARA O CONTROLO DE QUALIDADE NO CLUSTER DO CALÇADO
• Sistema modular para avaliação da flamabilidade de diversos materiais.
• Sistema para avaliação da resistência do couro à exposição a altas temperaturas sob tensão.
• Sistema digital para medir a temperatura de retração do couro.
PLATAFORMAS DIGITAIS E VENDAS DE CALÇADO
• Plataforma Colaborativa Estendida para a Indústria do Calçado.
• Plataforma para retalho.
• Plataforma Marketing Digital.
2- SUSTENTABILIDADE E ECONOMIA CIRCULAR
Na área da Sustentabilidade e Economia Circular foram apresentados novos produtos químicos, couros, materiais, componentes e produtos de calçado.
• Novos produtos de base natural e com origem em subprodutos, resultantes de outras indústrias (por exemplo, da indústria alimentar e do papel) para couros.
• Materiais de couro usando os novos produtos químicos e processos.
• Materiais e componentes de base nano, para fabrico aditivo e reciclados usados na produção de calçado.
• Produtos de calçado ecológico, moda, conforto e trabalho (casual, diabético, segurança, militar).
3-BIOMECÂNICA E CALÇADO SENSORIZADO
Na área da Biomecânica e calçado sensorizado foram desenvolvidos e apresentados
sistemas de sensorização e calçado Smart.
• Sensores de tensão de corte e pressão na gáspea para
realização de ensaios biomecânicos.
• Solução para medição da pressão plantar do calçado, com
diversas aplicações. Por exemplo, pode ser integrado em calçado de trabalho
para deteção de sobrepressões, durante a realização de trabalhos em sobrecarga
ou para apoiar à ergonomia dos postos de trabalho; ou em calçado para
diabéticos como “alerta” de que é necessário proceder a alteração da marcha,
hábitos ou postura e evitar sobrepressões que possam conduzir a lesões no
pé.
Fonte: CTCP