Autor: Mário Adão Magalhães
Jornalista
Sair das ruas ou ficar em casa para deixar passar o Covid-19?
Se cada um fizer o que lhe compete já está a fazer muito por todos.
É inevitável falar do tema de ordem do mundo. O Covid-19.
Dá vontade, por estafa, escrever sobre outras matérias, mais ainda pelo incómodo que me causa os sem tecto que agora são ainda mais esquecidos por força da obrigação do confinamento, que não encontram a quem pedir um pão.
Também por isto não quero crer que ninguém os vê. Até porque convém que não haja conhecimento destes cidadãos.
O senhor Presidente da República agora não os vê, e, por causa disso, deixou de saber quantos são. Ficam por concluir os seus intentos de num tempo curto erradicar este problema social. (…).
Felgueiras, por mor das obras de reabilitação urbana, não andava longe da imagem “cidade fantasma”. Agora parece sitiada, ainda que sectores não fundamentais continuem a trabalhar – podíamos questionar o que realmente é recolhimento. Falo da indústria, já se lê. De resto quase nada bule. Nem quem teimava fazer as caminhadas.
Tudo nos mereceria profundas reflexões, ainda que pouco conclusivas. Porque Covid-19 é um inimigo inqualificável que se esconde e ataca todo um enorme mundo, tornando-se um pequeno lugarejo global que vivenciamos em tempo real. Mas os pontos de observação são susceptíveis de interpretações diferentes, ainda que vão dar ao mesmo.
Além do habitual, nas redes sociais, cada um é potencial jornalista, um opinador, a ver quem mais alarde cria. A verdadeira pandemia arrisca confrontar-se com a pandemia que é a inquietação, todo o stresse.
Isto é um pouco angular. Dizem-nos a esmo para não ocorrermos desaforadamente à procura de víveres. Que não vão faltar produtos essenciais. Mas cum diabo! Isto é tudo uma cadeizainha que deixa de funcionar sem um elozinho, com implicações fundamentais.
Já não estamos nos anos 60 ou 70, quando para construir uma casinha se comprava o terreninho para fazer a horta, trocando, muitas vezes, produtos por produtos e se ia sobrevivendo sem muita dignidade, é certo, mas sobrevivia. Hoje não.
Não vale atirar-nos areia para os olhos. Até diz-se-que-diz-se que os agricultores afirmam que não vão faltar alimentos. É garantido que os sectores imediatamente anteriores não faltam?
(Não pratico deliberadamente o chamado Acordo Ortográfico).