A Confeitaria Ribeiro tem as suas portas abertas desde 1948, sempre com a mesma família, atualmente na 3ª geração, a gerir um dos negócios mais doces de Felgueiras, onde o lema é simplesmente “a máxima qualidade”.
“O meu avô tinha uma fábrica de pão de ló, longe do centro, e tinha necessidade de ter um posto de venda na cidade. Na altura, apareceu-lhe este espaço, e ele resolveu abrir aqui uma confeitaria e pastelaria para vender pão de ló, e doces regionais. Eu optei por deixar os estudos, e tomar conta do negócio”, conta Rui Ribeiro.
O proprietário da Confeitaria Ribeiro afirma convictamente que “voltava a fazer tudo igual. Voltava a largar os estudos como larguei, para vir para aqui. Sempre soube que gostava disto”, admite. “Desde o tempo em que ia com o meu avô às festas e romarias vender doces regionais, pão de ló, cavacas e rosquilhos. Aquele bichinho esteve sempre em mim”, explica Rui Ribeiro.
O empresário revela que “a época do Natal e da Páscoa são épocas mais fortes”, no entanto, comenta que tem por hábito dizer que “o pão de ló come se todos os dias”, uma vez que “é um bolo leve, fresco, e que dá para acompanhar tudo: chá, sobremesas, comer ao pequeno-almoço”.
Apesar de saber que há várias casas de pão de ló em Felgueiras, Rui Ribeiro sublinha que a Confeitaria Ribeiro “é um pouco diferente, porque ainda tentamos fazer tudo com os produtos mais naturais possíveis. Os ovos por exemplo, têm muita influência no pão de ló. Se forem ovos de aviário, o pão de ló sai mais seco, enquanto que, se conseguirmos fazer com ovos de campo, o pão de ló fica bem melhor”.
É também com orgulho que Rui Ribeiro apresenta a sua enorme garrafeira, com 3600 garrafas expostas. “É um leque muito grande. Nem sempre é fácil porque hoje em dia, há uma panóplia extensa de vinhos, e ter um pouco de tudo torna-se complicado“, explica.
O empresário acrescenta que tem “mais de 100 variedades de amêndoas, todas a vulso, contrariamente ao supermercado, onde se compra tudo já empacotado”, e que, na Confeitaria Ribeiro “o cliente prova, e escolhe apenas o que gosta”.
Rui Ribeiro conta que “antigamente esta casa não fechava. Chegou a ter um horário das 9h00 da manhã às 22h00 da noite, de 2ª a 2ª, 365 dias por ano, sem fechar“, reconhecendo que só sabe o que é ter férias “há meia dúzia de anos”.
Quando questionado sobre os momentos mais difíceis da sua vida como empresário, Rui Ribeiro admite que a pandemia lhe causou “uma sensação de vazio”. Em tom de desabafo, o comerciante conta que “estar aqui dentro sem fazer nada, é difícil. Eu gosto muito do contacto com os clientes, felizmente são antigos e fiéis à casa. Somos uma família“. Rui Ribeiro partilha ainda que, desde cedo se mentalizou que “não é só vender, é saber o que o cliente quer, e o que ele vai querer”.
Quanto ao presente, Rui Ribeiro confidencia que “mudou muita coisa. Há 20/40 anos, não tínhamos grandes superfícies em Felgueiras, as pessoas abasteciam no comércio local”, embora, “sempre tenha havido uma tendência natural para comprar fora”.
O comerciante assume que atualmente, “com a abertura destes novos hipermercados, isto mudou muito”, mas, diz saber que “continuamos a ser os preferidos quando o cliente precisa de um produto melhor e mais sofisticado”.
Quando o assunto é Felgueiras, Rui Ribeiro comenta que a cidade que o viu nascer “tem lacunas muito graves”. “Não temos um parque da cidade, onde as pessoas possam passar um domingo em família. Temos o parque da Praça Dr. Machado de Matos, mas se num dia de verão quiser lá estar, não consegue, pois não há árvores que deem sombra“, lamenta.
Rui Ribeiro confessa notar que “falta a Felgueiras algo que faça com o que as pessoas não saiam daqui, que tenham prazer de aqui estar, e Felgueiras não tem esse mimo para dar. Felgueiras às 20h00 morre por completo. Vamos a outras cidades à volta, e vemos que nelas há vida noturna. Não há concelho que trabalhe mais do que Felgueiras. Viver é que temos de ir para fora”.
Quanto ao futuro, esse, para Rui Ribeiro é incerto, levando o comerciante a dizer que “enquanto eu puder, vou estar aqui para dar o melhor a esta casa. Quando eu não puder mais, vou ter de arranjar alguém de confiança e com paixão. Com muita mágoa minha, não tenho seguidores. Os meus filhos seguiram ambos medicina dentária”.