Cerca de duas centenas de pessoas manifestaram-se este sábado, na cidade da Lixa, contra a prospeção e extração de lítio na zona de Seixoso-Vieiros, alegando a defesa do ambiente e a qualidade de vida.
“Queremos agregar pessoas de 6 autarquias diferentes afetadas por esta zona, sendo que, o nosso principal objetivo, é que as pessoas percebam que a prospecção e exploração de lítio vão comprometer de forma irremediável a fauna e a flora local, vão comprometer a agricultura e a sua sustentabilidade, vão contaminar águas, vão tornar a água mais escassa, e vão desflorestar a nossa serra”, afirmou Rita Pereira, da organização manifestação, em declarações ao Felgueiras Magazine. “Queremos que as pessoas percebam que isto não é só o impacto ambiental, é também o impacto económico, porque os terrenos vão desvalorizar, a agricultura vai-se tornar impraticável, o turismo vai perder imenso. E não é a existência de uma mina a céu aberto que vai trazer emprego, nem dinheiro para a terra. As pessoas têm de perceber que seja qual for o minério, a sua exploração e prospecção vai ser prejudicial a todos”, reforçou a ativista.
Alguns populares, de diferentes concelhos, usaram da palavra, reforçando os impactos negativos no ambiente e na saúde das pessoas que pode significar a prospeção de lítio naquela região, deixando críticas aos interesses económicos que, alegadamente, se sobrepõem aos interesses dos cidadãos comuns.
Joaquim Guimarães, natural de Montalegre, vive em Amarante há 47 anos, e trabalha há 22 na Lixa. O montalegrense declara que “não será futuro para ninguém, ter um buraco imenso à porta”, e alerta a população garantindo que “se permitirem, numa primeira fase, a prospeção, isso quer dizer que as minas avançam”. Joaquim Guimarães avisa também que “isso já está a acontecer em Montalegre”, local onde “puseram a escória em céu aberto dentro de sacos de plástico “. Joaquim Guimarães reforça o seu discurso com um lema mexicano: “o povo manda, e o governo obedece”, e relembra a autarquia que não basta “estarem do lado da população quando é para votar, têm de estar da população quando for preciso fazer alguma coisa por ela, e mais nada”.
José António Guimarães, presidente da União de Freguesias de Vila Cova da Lixa e Borba de Godim afirmou que “como algumas pessoas puderam presenciar na quinta-feira passada, o presidente da Câmara esteve cá, e marcou a sua posição. Somos contra a exploração, e somos contra a prospecção”. O presidente da União de Freguesias sublinhou ainda que “nós tivemos nas últimas eleições autárquicas, o apoio deles, e nós não os esquecemos, estamos de mãos dadas, e faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para evitar a prospecção, e logicamente a exploração”, terminando o seu testemunho garantindo que “não queremos o nosso terreno invadido. Defenderemos o nosso terreno, até às últimas consequências”.
Este sábado, no centro da Lixa, os populares exibiram cartazes com frases de oposição à extração do lítio, como “Não às minas, sim à vida” e “Futuro minado, não obrigada”. Também repetiram palavras de ordem, destacando-se a frase: “Lítio não”.