Após a queixa das Indústrias Europeias do Couro (COTANCE) e do Calçado (CEC), a Agência Europeia dos Produtos Químicos (ECHA) pediu formalmente desculpa por ter transmitido erroneamente, através dos seus canais de comunicação, a impressão de que os artigos de couro e calçado têm possíveis propriedades cancerígenas devido ao Crómio VI.
Esta comunicação enganosa da ECHA foi identificada no passado dia 15 de março numa carta conjunta da COTANCE e da CEC. As organizações denunciaram uma infografia na página da ECHA, no âmbito da campanha “Prevenção do Cancro”, e a respetiva publicação no LinkedIn, classificando-as como imprecisas e enganosas. Na carta, recordaram à Agência: “que o Crómio VI não é utilizado para curtir couro e que o curtimento com Crómio não é o único método de curtimento no setor. No entanto, a infografia dá a impressão de que o couro contém automaticamente Crómio VI e que esta presença é suscetível de causar cancro. Isto cria preocupações injustificadas nos consumidores, que podem afastar-se dos artigos de couro”.
A carta esclareceu ainda que a atual restrição da UE sobre o Crómio VI em couro se refere às suas potenciais propriedades sensibilizantes para a pele, e não à sua carcinogenicidade.
A resposta formal da ECHA chegou no dia 9 de abril, afirmando: “Pedimos desculpa por este erro e corrigimos a infografia, assim que nos alertaram para o facto, para refletir a situação real. Também removemos a publicação no LinkedIn referida na vossa carta”.
Embora a COTANCE e a CEC apreciem a rápida ação da ECHA para eliminar a informação imprecisa e enganosa divulgada ao público, as indústrias do couro e calçado expressam a sua profunda decepção com a incapacidade da Agência em aceitar plenamente a responsabilidade pelo dano causado a estes setores. A decisão de eliminar uma publicação, que entretanto já se tinha tornado viral, pouco faz para reparar a reputação das indústrias injustamente difamadas, nem ajuda os cidadãos da UE a compreender o que estava errado.
“É bom que a ECHA tenha retificado, mas lamentamos que não tenham captado totalmente a nossa preocupação; geriram a questão como um simples ‘erro editorial’. Acreditamos que o dano causado à reputação e ao apelo da cadeia de valor do couro necessitaria de algo mais.”, afirma Carmen Arias, Secretária-Geral da CEC.
Neste sentido, a COTANCE e a CEC entendem que a ECHA deve tomar medidas adicionais, como a emissão de um corrigendum formal para reparar as consequências não intencionais das suas ações.
“Isto evidenciaria muito mais o compromisso da ECHA com a precisão, transparência e responsabilidade.” – acrescenta Gustavo González-Quijano, Secretário-Geral da COTANCE.