A APICCAPS está a preparar uma megacampanha que pretende chamar os jovens para a indústria, e convencê-los a seguir uma carreira profissional no setor do calçado. De acordo com o Jornal ECO, esta campanha terá uma duração de três anos, e irá ter o seu início já a partir do próximo ano letivo.
Estre outras ações, a campanha irá levar os empresários da fileira do calçado aos estabelecimentos de ensino, e levar também os alunos em visitas às fábricas de calçado. Prevê também a realização de ações de sensibilização, bem como uma presença no TikTok.
“Quando se discutem os setores industriais fala-se muito de salários e pouco mais. E queremos que as empresas sejam globalmente mais atrativas, o que pode passar por assegurar que os trabalhadores e as famílias possam ter bolsas de estudo, por investirem em creches, trabalharem em benefícios como os seguros de saúde, ou no caso dos imigrantes de tratar do alojamento. No fundo, queremos que as pessoas se sintam em casa quando trabalham nas nossas empresas, até porque muitas das pessoas trabalham uma vida connosco”, diz Paulo Gonçalves, porta-voz da APICCAPS, em declarações ao Jornal ECO.
Já Rui Oliveira, Diretor Geral e Comercial da Fábrica de Calçado Samba, comentou este tema no “O Mais Famoso Podcast Sobre Calçado”: “tudo o que sejam campanhas de valorização do calçado, abrir as portas das empresas às novas gerações é muito positiva e tem que se valorizar. O calçado, ao longo das últimas décadas, deu um salto tecnológico tremendo, com a indústria 4.0 e a internacionalização. São precisas algumas competências técnicas e qualificadas, o que pode atrair os jovens”.
Ainda acerca da atração de jovens para o setor do calçado, Rui Oliveira reconhece que “os cursos técnicos profissionais são importantes para este tipo de indústria, onde existe mais força braçal e, acima de tudo, algumas competências técnicas em relação à construção de um sapato. Também os salários praticados já não são assim tão baixos, apesar de ainda existir evolução nesse caminho”, uma vez que “há um estrangulamento do próprio Estado a nível dos impostos, que muitas das vezes não permite este crescimento”.
No mesmo Podcast, Pedro Fonseca, diretor do Felgueiras Magazine, alertou que “algumas empresas são ainda da «escola antiga», onde os responsáveis, gerentes, diretores ou encarregados, comunicam com os seus subordinados, com os trabalhadores, de uma forma que as novas gerações têm dificuldades em aceitar”. Por isso, estas empresas, “têm também que fazer um caminho que aproxime as fábricas e o ambiente fabril dos mais novos”.
Rui Oliveira concorda com esta necessidade de adaptação da indústria às novas gerações: “nós temos vindo progressivamente a melhorar aquilo que são os quadros dirigentes das empresas. No entanto, nós sabemos que um dos fatores da falta de atratividade em relação a este sector é precisamente o ambiente que é criado dentro das empresas. Portanto, a implementação da cultura, do rigor, da exigência, do respeito, acima de tudo, mas também dos resultados, é fundamental”.