No último episódio do podcast “O Mais Famoso Podcast Sobre Calçado!”, Pedro Fonseca e Rui Oliveira visitaram a Vapesol para uma conversa com Décio Pereira, o CEO da empresa. Os salários na indústria do calçado e os impostos foram temas abordados.
Quando o tema são salários na indústria do calçado, Décio Pereira é perentório: “o salário mínimo em Portugal é baixo!”. Contudo, o gestor considera também que “as políticas protecionistas do trabalhador são, de certa forma, ridículas no nosso país. Por exemplo, quando o trabalhador decide ir embora, há muita coisa para lhe pagar e ninguém faz contas a isto. Um trabalhador com 10 anos de casa pode despedir-se, dando sessenta dias de trabalho, como está regulamentado, e leva uma pequena fortuna embora. Isto também é salário. É rendimento do trabalhador, ao qual ele tem direito. Já tive pessoas que se despediram para terem esse rendimento”.
Décio Pereira dá também o exemplo dos custos com os despedimentos: “Se uma empresa quiser reduzir 50 pessoas, é uma fortuna! Está na lei. Se me perguntarem se isso devia acabar, sim, devia, e o salário mínimo devia aumentar. Seria mais justo. É o que acontece em países nórdicos ou nos Estados Unidos, que têm condições de vida muito melhores do que Portugal. Portanto, antes que alguém se choque com a minha expressão, não vamos comparar a nossa qualidade de vida com a de um norueguês, um sueco ou um finlandês, nem com os seus salários. Mas eles não têm este protecionismo”, afirmou o empresário.
Já Rui Oliveira criticou a tendência de se concentrar a discussão unicamente no salário mínimo, argumentando que a discussão deveria ser alargada para abranger os salários médios, que não têm acompanhado o aumento do salário mínimo. “Estamos sempre a focar no salário mínimo em Portugal e a valorizar esta mediocridade, em vez de falar na subida proporcional do salário mínimo, do salário médio, dos salários de uma forma geral“, afirmou.
Décio Pereira também comentou sobre o aumento do salário mínimo ao longo dos últimos anos em Portugal, e em particular se este aumento coloca em causa a competitividade da indústria do calçado. “O aumento do salário mínimo em Portugal não me assusta. A indústria do calçado tem capacidade para aguentar o aumento do salário mínimo”, disse e empresário, mas sublinhou a importância de elevar a qualidade e o preço médio do calçado. “Se esse aumento do preço médio dos sapatos for acompanhado por um aumento da qualidade e do serviço, sim,” disse, alertando que um aumento de preços sem melhorias correspondentes na qualidade pode afastar clientes, “como aconteceu muitas vezes no ano de 2022, em que o preço médio aumentou sete, oito, nove, dez euros, mas a qualidade não foi proporcional”.
Rui Oliveira também acredita que as empresas do setor do calçado têm capacidade para suportar o aumento do salário mínimo. Contudo, reconhece que o aumento generalizado dos salários deve ser acompanhado de um aumento da produtividade. “Acredito que qualquer empresário em Felgueiras gostaria de subir os salários das pessoas. Mas há uma questão: subir o salário implica aumentar a produtividade. Produtividade significa ter produção, para ter capital suficiente para pagar salários no final do mês”, sublinhou.
Das despesas das empresas do setor do calçado, para além dos custos com os salários, sobressaem os impostos, muito altos na opinião de Rui Oliveira. “Qualquer governante que olhe para a indústria de forma séria compreenderá que os impostos são asfixiantes para as empresas. Deveriam ser dadas compensações às empresas que são mais produtivas e rentáveis. Em vez de premiar a produtividade das nossas empresas, o que faz o Estado? Aplica impostos”, enfatizou.
Por fim, Rui Oliveira propôs uma solução: que o valor dos impostos gerados pelo aumento da produtividade das empresas seja redirecionado para os funcionários, sem que estes sejam taxados por esse rendimento adicional. “Qualquer empresário ficaria contente, porque não querem dar ao Estado, mas sim aos funcionários”, concluiu Rui Oliveira, destacando a necessidade de reformas que beneficiem tanto as empresas quanto os trabalhadores no setor de calçado.
O CEO da Vapesol mencionou ainda as condições adicionais oferecidas aos funcionários da sua empresa, como o seguro de saúde. “Há pessoas que estavam há anos para fazer cirurgias, que não conseguiam pelo SNS, e fizeram pelo seguro de saúde da empresa,” disse, sublinhando o impacto positivo destas medidas na vida dos trabalhadores. “Os trabalhadores agradecem. Houve uma mãe que me deu um abraço, porque com este seguro de saúde teve o filho no hospital privado e pagou pouco por isso”, exemplificou.
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