Autora: Sílvia Teixeira
Nutricionista | C.P. 3252N | slv.teixeira@gmail.com
“OUR ACTIONS ARE OUR FUTURE”. Este é o tema promovido este ano pela FAO através do Dia Mundial disponível e acessível para a população mundial. As nossas escolhas têm impacto na nossa saúde mas também no nosso Planeta. Os consumos elevados de carne pela população obrigam à sua exploração em sistema intensivo com repercussões ambientais. O pescado vê algumas das suas espécies ameaçadas, o seu método de captura e cultivo têm prejudicado o habitat aquático e prejudicado a cadeia alimentar dos oceanos.
Impacto ambiental da exploração animal
Estima-se que, para a produção de carne de bovino, sejam necessários cerca de 15.415 L/Kg; para a carne de porco cerca de 5.988L/Kg; para a carne de aves 4.325L/Kg. No que à proteína de origem vegetal diz respeito, para a produção de 1 Kg de leguminosas são gastos cerca de 4.055L de água e 322L por quilograma de hortícolas. A carne bovina é produtor de quantidades toxicas de metano, um gás 25 vezes mais potente que o dióxido de carbono, envolvido no aquecimento global. A alimentação destes animais baseia-se em ração industrializada proveniente de milho e soja, obrigando à existência de sistemas de irrigação, logo a uma grande quantidade de consumo de água doce. A sobre exploração de animais obriga ao seu confinamento obtendo-se grandes quantidades de estrume. Não havendo um sistema montado de tratamento destes produtos, acabam por ser armazenados em lagoas ou despejados em campos de cultivo, com consequente poluição das águas e morte de espécies aquáticas. Posto isto, se o consumo de carne pela população diminuir, a necessidade de produção também será menor, substituindo o sistema intensivo pelo convencional/tradicional com pastagem, resultando numa melhor qualidade da carne, melhor valor nutricional e preservação do meio ambiente.
1 Kcal proveniente de origem animal requer 2.5L de água, por outro lado, produtos de origem vegetal necessitam de 0.5L /Kcal
- Considere o impacto ambiental da sua alimentação
Alguns alimentos usam mais recursos naturais para a sua produção. Por exemplo, a carne bovina apresenta uma maior pegada hídrica que a carne de aves. A produção de proteínas de origem vegetal tem um impacto ambiental bem menor que a de proteínas de origem animal. Evite comprar alimentos com excessivo embalamento. Requer maior uso de matéria-prima e de posterior tratamento quando a embalagem deixa de ser útil.
- Privilegie alimentos da época e de produção local
Reduz a necessidade de transporte, embalamento promove a biodiversidade e a economia local. Os pequenos produtores utilizam um método de produção menos agressivo ao ambiente e determinante de uma melhor qualidade dos seus produtos.
- Consuma pescado de pesca e cultivo sustentáveis
O pescado é uma fonte de proteína, vitaminas, minerais e ácidos gordos polinsaturados como o ómega 3. Por isso, aconselha-se o seu consumo pelo menos duas vezes por semana. Porém, há espécies sobre exploradas ou com métodos de captura/criação com impacto ambiental devendo-se evitar o seu consumo. Entre estas salientam-se o salmão, o bacalhau, o atum, a sardinha de menor tamanho, peixe-gato e a lula. Opte pelas espécies mais abundantes. Entre o peixe selvagem a melhor escolha centra-se no carapau, a cavala, o verdinho ou a pescada. Nos cefalópodes opte pelo choco e o polvo. Entre o peixe de aquacultura prefira dourada, robalo e tintureira.
- Reduza o consumo de carne. Esforce-se por incluir uma refeição vegetariana.
Limite o consumo de carne vermelha a 1 ou 2 vezes por semana. Privilegie a carne de aves e, sempre que possível, de produção tradicional. A produção de proteína de origem vegetal (isto é, leguminosas) tem um impacto ambiental muito menor comparativamente com a produção de alimentos animais. O seu cultivo utiliza menos recursos naturais e promove a fertilização natural dos solos. Ao substituir uma refeição de carne por outra à base de leguminosas como o feijão está a cuidar da sua saúde, a economizar e a proteger o ambiente. Pode consultar na internet o movimento “2as sem carne” e retirar ideias para refeições sem recurso a carne.
- Armazene corretamente os alimentos. Desperdice menos.
Coloque os produtos alimentares de menor prazo de validade à frente dos mais recentes. Utilize recipientes herméticos para manter os alimentos frescos no frigorífico e feche bem as embalagens usadas para evitar a deterioração. Ao armazenar os alimentos corretamente mantém-nos frescos e seguros para consumo e preserva os seus nutrientes.
Certo é que a vida é bastante corrida ficando a preocupação pela alimentação para último plano. Depois, recorre-se ao que mais rapidamente está disponível e de maior aceitação pela família: refeições take-away, pratos de carne, alimentos embalados (ex. refeições prontas, enlatados, etc). Torne-se um consumidor equilibrado e crítico. Conheça as recomendações alimentares definidas para o nosso país, usando como modelo a Roda dos Alimentos. Se usar menor quantidade de produtos animais poderá optar pelos de melhor qualidade. Prepare as refeições em casa e coma em família. Aprenda a analisar os rótulos dos alimentos para escolhas mais informadas não sendo influenciado pelas alegações nas embalagens. Lembre-se: AS NOSSAS AÇÕES SÃO O NOSSO FUTURO!
Siglas
FAO: Food and Agriculture Organization of United Nations
Bibliografia
Hoekstra, AY. The Hidden water resource use behind meat and dairy. Animal Frontiers. 2012.
Foodprint. The foodprint of beef. Grace Communications Foundation. 2018. Disponível em foodprint.org
Vermelho? Eu? Lista das espécies ameaçadas. Greenpeace. Outubro de 2008. Disponível em www.Greenpeace.pt