No mais recente episódio do “O Mais Famoso Podcast Sobre Calçado!”, Pedro Fonseca e Rui Oliveira receberam Marta Ferreira, engenheira do Ambiente e CEO da empresa MRF Consultoria Ambiental, e Juliana Cruz, engenheira Têxtil e CEO da NIT, para discutir a nova Diretiva Europeia contra o greenwashing.
O Parlamento Europeu aprovou, em janeiro, uma Diretiva com o objetivo de melhorar a rotulagem dos produtos e proibir a utilização de alegações ambientais enganosas (greenwashing). A diretiva passará pelo Conselho Europeu e será publicada no Jornal Oficial da União Europeia. Os Estados-Membros terão então 24 meses para a transpor para as suas legislações nacionais.
Marta Ferreira, ao discutir a diretiva, apontou para uma mudança significativa no panorama regulatório: “haverá, com certeza, um sistema que indique como essa rotulagem terá de ser feita. E não é propriamente uma certificação, será uma espécie de regulamentação“, sublinhando a criação, em breve, de um novo quadro normativo.
Por sua vez, Juliana Cruz destacou a universalidade dos novos requisitos, salientando que “todas as empresas que comercializem em território europeu terão que cumprir”, e viu nesta uniformização uma “vantagem competitiva para todos, porque todos vão seguir as mesmas regras“.
Frente à questão de como as fábricas de calçado deveriam preparar-se para esta nova realidade, Marta Ferreira aconselhou uma abordagem proativa: “Primeiro é começar a monitorizar consumos de água, energia, portanto, os insumos, nomeadamente produtos químicos, relacionados com colas, diluentes, etc.“. Esta abordagem é vista como essencial para “garantir o cumprimento legal da organização no que respeita a matérias do ambiente“.
Juliana Cruz acrescentou que a “certificação ISO 14001 será, nesta fase, um excelente ponto de partida, em especial para fábricas que ainda não têm certificações ambientais. A primeira etapa é o mapeamento de processos, produtos, cadeias, abastecimento. Por isso, quando não temos, a ISO 14001 vai nos ajudar a construir esse processo. Importante também é a capacidade de ter rastreabilidade. Não é só dentro da organização, mas de toda a cadeia.” Juliana Cruz mencionou também a importância de “fazer um relatório de sustentabilidade que é mapear toda a sustentabilidade da organização e de todo o seu envolvente”, sugerindo que esta é uma estratégia chave para a integração de práticas sustentáveis em todos os níveis da produção.
Rui Oliveira levantou preocupações sobre o não cumprimento das boas práticas e normas ambientais em muitas partes do mundo e como isso está a afetar os fabricantes de calçado em Portugal. Rui Oliveira refere que Portugal representa uma muito ínfima e muito pequena parte da produção global e que grande parte da cadeia de fabrico está situada no hemisfério sul (China, Vietname, Indonésia e Índia), onde “muitas das certificações relacionadas com as preocupações ambientais nesses países são, de certa forma, adulteradas face às nossas regras de competitividade. Este facto, por si só, já é um fator que nos leva a pensar que muito daquilo que são as informações e o marketing relativo à sustentabilidade é falacioso. Portanto, não existe um efetivo controlo sobre o calçado que é fabricado em grande parte do mundo”.
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