Catarina Meireles
Psicóloga
A Psicóloga Catarina Meireles responde às suas dúvidas. Envie as suas questões para apsicologaresponde.cm@gmail.com.
“A minha filha entrou na Universidade e vai morar uma cidade diferente. Como a posso ajudar a lidar com a nova realidade?”
Ass. Francisca M.
Olá Francisca!
Entrar na Universidade, por si só, já é uma mudança que agrega bastantes receios, preocupações e um misto de emoções que variam entre a felicidade (de realizar um sonho) e o medo (de um novo contexto, amizades e desafios).
Quando esta alteração ocorre e é acompanhada pela mudança de casa, o desafio torna-se muito maior. Nesta fase os jovens devem e necessitam de ampliar horizontes, superar limites, desenvolver as suas competências, construir a sua identidade pessoal e profissional e conquistar a sua autonomia.
O contexto familiar também se altera, o/a filho/a que sai de casa leva a transformações na vida dos pais. Em casos, extremos poderá levar à síndrome do ninho vazio. Denominada como uma solidão exacerbada, que os pais sentem quando os filhos saem de casa pela primeira vez, seja para morar sozinhos ou ir à faculdade. Por isso, para melhor lidar também com esta mudança, sugiro que se prepare para esta transição, que invista mais em si (fazendo coisas que lhe dão prazer), conecte-se com o/a companheiro/a e amigos e utilize a tecnologia a seu favor e mantenha o contacto com a sua filha.
Voltando à sua filha, eu recomendo que seja criado um período de preparação para a mudança. É importante que explique e ajude a sua filha a entender a importância de se informar acerca desta nova realidade, de pedir ajuda, de interagir com as pessoas, que em alguns momentos irá sentir saudade, mas que esta experiência será muito importante para o seu crescimento.
Informar
Antes de iniciar o percurso universitário é bom que conheça a cidade e a universidade uns dias antes. Fazer uma boa pesquisa na internet e pedir informações sobre o curso, a cidade e a universidade.
Pedir ajuda
A mudança irá implicar o afastamento (físico) da família e amigos, contextos conhecidos que regularmente ia e que se sentia confortável. Diante esta nova realidade é natural sentir algum medo e ansiedade.
Para diminuir o impacto de todas as preocupações e receios, sugiro que peça ajuda sempre que necessário. Ajuda a colegas mais velhos que possam auxiliar na realização da matrícula, que possam apresentar os espaços e que expliquem a dinâmica da universidade. Irá perceber que vai sentir-se mais tranquila.
Conhecer pessoas na mesma situação
Conhecer pessoas na mesma situação, são uma ótima ajuda para compartilhar receios e angústias. Pode procurar, numa fase inicial, estabelecer este contacto através dos grupos de chat na plataforma da universidade e redes sociais.
É fulcral que evitar o isolamento, irá prejudicar a adaptação e tornar este período mais stressante e sofredor. Quando estamos perante uma nova realidade é importante manter uma mente flexível. Ou seja, deve assimilar novas formas de convívio e hábitos diários, evitar ficar preso ao que estava habituada a fazer em casa dos pais ou na cidade onde morava.
Saudades
Sentir saudades é natural e bom, porque significa que se cultivou bons laços familiares e sociais. Mas, por vezes esta saudade imensa poderá indicar a dificuldade em estar sozinha e por sua vez fazer com que abdique do seu sonho. De forma a equilibrar, a saudade sentida, é importante manter o contato com a família e os amigos, sempre que necessitar.
enriquecedora. A distância da família e amigos, a gestão financeira (ainda que a custo dos pais), a necessidade de disciplina pessoal (diante da liberdade de viver sozinho/a), a gestão emocional, o lidar com as saudades, lidar com medo e a angústia, são sem dúvida desafios dos quais só percebemos se estamos ou não preparados depois de lá estar. Contudo, apesar de muitas vezes parecer nunca estamos sozinhos nesta caminhada. É uma experiência de renovação e crescimento pessoal, que devemos usufruir.
Que esta nova etapa seja um desafio recompensador e repleto de alegrias e conquistas. Boa sorte!
Cuide de si com amor,
Catarina Meireles