É em gargalhadas que Diana Correia confessa “nunca fui muito boa para a escola”. A jovem de 33 anos diz que “gostava mais de conversar e rir com as colegas”, e que isso lhe dá atualmente “muito jeito”.
“Eu andava no 9º ano e já dizia que queria desistir da escola, mas nunca tive hipótese. A minha mãe não deixou, por isso, continuei até terminar o 12º”, observa Diana Correia.
A lojista conta que a mãe tem “fábrica de têxteis, jogos de cama e jogos de banho”, e que, na altura, decidiu “montar uma pequena loja com o artigo dela”. Diana Correia explica que há muito que a “mãe notava que eu tinha queda para o negócio”, e que por isso, nas suas “tardes livres, e nas férias de verão”, a convidou para trabalhar consigo, tendo desta forma aprendido a “ganhar o gosto ao negócio”.
Diana Correia recorda que “chegado o 12º ano”, pesquisou sobre “os cursos que havia na faculdade, mas não me identificava com nenhum, excetuando ciências da comunicação”. No entanto, como “na loja já ganhava algum dinheiro, e achava piada vê-lo entrar na conta, pensei que era bom para orientar a minha vida, e decidi dar os estudos como terminados”.
Diana começou então a trabalhar na loja da sua mãe. Porém, com o passar do tempo, deixou de se “identificar com o tipo de produto”. “Eu gostava daquilo que fazia, mas não estava a gostar de trabalhar ali. Abrangia outro tipo de clientela com a qual não me sentia tão à vontade”, enfatiza a empresária.
“Surgiu então a oportunidade de vir para aqui, e montar uma loja por conta própria. Eu tinha 22 ou 23 anos na altura. Fui a uma designer, coloquei a loja à minha imagem a nível de decoração e estética, e escolhi os artigos de acordo com o que eu gostava”, explica Diana Correia, justificando que foi essa a razão que a levou a batizar o estabelecimento como “Loja da Diana”, situada na Praça Dr. Eduardo Freitas, na Lixa.
Nem sempre tudo foi “um mar de rosas”. A proprietária recorda os tempos iniciais: “quando abri a loja houve um bocado de choque porque estamos num meio pequeno. A loja tem um visual arrojado e diferente, e as pessoas retraiam-se de entrar. No primeiro e no segundo ano, foi um bocado difícil. As pessoas pensavam que por ser uma loja de cidade, era uma loja muito cara. Então comecei a colocar artigos com preços na montra, para as pessoas verem que não era como pensavam”.
É com um suspiro que Diana diz “foi difícil chegar até aqui“. A empresária explica que ao longo dos últimos anos continuou “sempre com o mesmo conceito, apesar das pessoas me tentarem dar palpites, fazer sugestões ou até mesmo comentários”. A lojista afirma lembrar-se regularmente que “esta é a Loja da Diana”, e que por isso mesmo, segue sempre a sua “cabeça”. Quanto às prioridades, Diana Correia sublinha que seleciona “muito bem os meus fornecedores, gosto de pessoas credíveis, que cumprem os prazos”.
Quando o tema são os pontos fortes da Loja da Diana, é com orgulho que Diana garante ter “um atendimento muito personalizado”, e também “muita paciência para os clientes”, uma vez que, explica “é tudo ao pormenor”, pois as pessoas “comuns”, não tem noção que “em termos de medidas de cama de casal, por exemplo, existem cinco medidas diferentes”. Diana Correia orgulha-se que ao longo destes anos conseguiu celebrar contratos de exclusividade com algumas marcas, como a Disney, “que só eu tenho na Lixa”, afirma.
Diana Correia recorda que “até à pandemia, só colocava fotografias nas redes sociais cerca de uma vez por semana, quando mudava a loja por exemplo, porque nem sequer sentia essa necessidade”. A lojista assume que “2021 foi uma grande chapada”, pois em “2020 tinha mandado o online lixar-se”, e como “não me estava a imaginar a fazer diretos”, nos tempos livres “fui vindo até à loja, fui tratando dos stocks, limpando tudo, e aproveitei para tirar fotos e partilhar”.
Com tudo isto, Diana Correia reconhece que se foi “muito abaixo”, e perante todas as dificuldades, sentiu necessidade de colocar uma colaborada na loja, uma vez que, não conseguia fazer “tudo sozinha”.
Com orgulho, Diana Correia fala sobre “as Criações Virgínia”, fruto do trabalho da sua mãe. Quer seja “jogos de banho, jogos de cama”, todos os artigos são “à base de bordados”, e têm “muita qualidade”, pois “não ganham borboto”. Por isso “o cliente sabe o que compra”.
Feliz, a empresária expressa sentir atualmente “alguma estabilidade”, ao contrário de há uns anos em que “notava que as pessoas ficam de pé atrás”. “Agora as pessoas “sabem que tenho bom artigo”, sublinha Diana Correia.
A jovem, nascida no seio do mundo têxtil, conta que a mãe “já tem confeção desde que eu nasci”, e que os avós “já eram feirantes antes de eu nascer”, acreditando que “o bichinho nasceu daí também”.
O futuro é incerto, mas Diana Correia afirma que “é preciso arriscar”. “Desde que tínhamos a outra loja que nos pediam personalizações. Começou pelos pedidos de personalização dos robes de noivas com os nomes nas costas, mais tarde tive pedidos para colocar nomes nos jogos de bebé, jogos de cama, jogos de banho, mas eu tinha quase sempre que dizer que não, porque não tínhamos mesmo possibilidade. É algo muito minucioso, e a minha mãe tem fábrica, mas como trabalham em série, não podem parar a produção”, explica a responsável. Apesar dos anos últimos anos terem sido mais “instáveis”, a jovem empreendedora decidiu apostar numa “máquina de bordar industrial”, para dar respostas “aos pedidos dos clientes”, e ser “cada vez melhor”.