A 105.ª edição da Lineapelle arrancou hoje, dia 25 de fevereiro, na Fiera Milano (Rho), Itália. Até quinta-feira, dia 27, os expositores vão apresentar as suas coleções para a temporada primavera/verão 2026. Portugal marca presença com 33 empresas, sendo 14 delas provenientes de Felgueiras (para conhecer a lista de expositores felgueirenses, clique aqui!)
A Lineapelle reúne mais de 1.100 expositores de 40 países, apresentando a mais elevada expressão de qualidade de uma indústria – que abrange moda, luxo, design, produtores de couro, tecidos, materiais sintéticos, acessórios e componentes.
O setor faz uma pausa em Milão para procurar orientações sobre o mercado, estilo e inovação, focado na criação de acessórios e produtos únicos à escala global. Autênticos exemplos de engenharia artesanal, que nascem num evento que revolucionou o conceito de “feira”, transformando-o num verdadeiro “laboratório de beleza”, lê-se numa nota enviada pela Lineapelle à redação do Felgueiras Magazine.
A beleza estilística será concebida e apresentada nos sete desfiles do “Lineapelle Designer Edition”, protagonizados por Zenam, Demiurgo, AntonGiulioGrande, Disiman.Ling, Mario Dice Designer, Leonardo Valentini e Giuglia, além das seis apresentações que vão decorrer no no Spazio Lineapelle, com nomes como Adrian Furstenberg, Auforia, 1932, Amato Daniele, Eibhlin, Actias e Zenam.
A beleza artesanal será o foco dos 17 workshops do “In The Making”, um laboratório de couro criado pela Lineapelle em parceria com a Giorgio Linea, onde os visitantes vão poder experimentar a criação de pequenos acessórios de moda e compreender, na prática, o verdadeiro valor do saber-fazer.
A beleza cultural estará patente na exposição “Anna Piaggi Parole e Taffetà: Chapter II ANIMALIA”, um projeto promovido pela MinervaHub e curado por Daniela Fedi. Esta é uma iniciativa da Lineapelle que explora o trabalho de Anna Piaggi na fusão entre vestuário, malas, sapatos, chapéus, joias e bengalas.
A 105.ª edição da Lineapelle promete ser uma experiência imperdível para todos os que respiram moda, design e inovação.
Tendências para a Lineapelle 105: O verão de 2026 será “com a cabeça nas nuvens”
“My Head In The Clouds” é o título atribuído pelo Comité de Moda da Lineapelle às tendências que definiram para a temporada primavera/verão 2026.
“Quem vive com a cabeça nas nuvens não está necessariamente distraído, mas sim capaz de imaginar, sonhar alto e ter ideias originais”. É, por outras palavras, “uma forma particular de reconhecer as qualidades positivas que caracterizam uma mente livre e aberta, capaz de ultrapassar limites”. As nuvens representam “o espaço criativo, um lugar privilegiado e seguro a partir do qual podemos contemplar o futuro frenético”.
Cores
O verão de 2026 será marcado por uma “simbiose entre tons que se fundem uns nos outros, como se estivessem num abraço cromático. As cores vibrantes manifestam-se também nos processos de fabrico, criando efeitos únicos. Os tons escuros assumem um papel ativo e fundamental nos contrastes, servindo como contraponto às harmonias dos tons claros”.
Materiais
Duas grandes tendências emergem para 2026: soluções “ricas e luxuosas, que expressam o seu lado mais natural e refinado, mesmo quando reinterpretadas sob uma perspetiva alternativa, mais vintage chic e ligada ao universo desportivo. As técnicas que levam a resultados multissensoriais são as tradicionais, combinadas com a inspiração criativa daqueles que ousam viver com a cabeça nas nuvens, proporcionando verdadeiros momentos de deslumbramento”.
Uma seleção dos desenvolvimentos criativos apresentados pelos expositores da Lineapelle 105 estará em exibição nas “Trend Areas”, localizadas nos pavilhões 9, 13 e 22.
Durante a Lineapelle, os temas do conceito “My Head In The Clouds” serão aprofundados nas apresentações de moda que vão decorrer no Fashion Theatre (Pavilhão 13), nos dias 25 e 26 de fevereiro. As sessões em inglês terão lugar às 14h30.
Insights de mercado da Lineapelle – fevereiro 2025
De acordo com os dados mais recentes do ISTAT, o Instituto Nacional de Estatística Italiano, referentes aos primeiros 11 meses do ano, a indústria italiana de curtumes deverá encerrar 2024 com uma queda anual de 4,3% no volume de negócios e 7,6% na produção.
Caso esses números se confirmem, será o segundo ano consecutivo de declínio para o setor, refletindo a persistente crise generalizada que afeta as cadeias de fornecimento de moda.
As tensões políticas internacionais dos últimos anos e as suas consequências económicas intensificaram o abrandamento global, afetando particularmente os produtos de consumo destas cadeias. Embora existam sinais recentes de uma possível distensão dos conflitos existentes, as perspetivas comerciais permanecem difíceis e incertas, com riscos de agravamento e impactos difíceis de prever a nível global.
As exportações italianas de couro registaram um decréscimo de 3% em valor no período de janeiro a novembro de 2024, em comparação com o mesmo período de 2023.
A análise dos segmentos de produção mostra um cenário de dificuldades generalizadas. Os couros bovinos apresentaram, em média, quedas menos acentuadas do que os couros ovinos e caprinos, tanto em produção como em volume de negócios.
Na generalidade, o desempenho global do setor do couro em 2024 mostra quedas nas vendas de couro bovino em todos os principais países produtores da Europa, Ásia e América do Sul, com exceção do Brasil, que manteve um nível de exportação praticamente inalterado em termos de valor.
No segmento de couro ovino e caprino, Espanha e França demonstraram uma ligeira recuperação em relação aos demais países, com alguns sinais positivos nos últimos meses do ano para Índia, Paquistão e Turquia.
Acessórios, componentes e sintéticos
Têxteis, sintéticos e alternativas ao couro
O setor continuou a apresentar incertezas no último trimestre do ano, confirmando um cenário de fraqueza generalizada em comparação com 2023. Na União Europeia, a queda média foi de 2%. Os materiais sintéticos e fibras regeneradas de couro resistiram relativamente bem, mas os tecidos sintéticos enfrentaram dificuldades mais significativas.
Acessórios e componentes
O segmento de acessórios e componentes encerrou 2024 com uma forte retração em comparação com 2023, intensificada por um quarto trimestre negativo. Os principais fabricantes europeus registaram quedas entre -2% e -11%. Dentro do setor, destacaram-se as quedas acentuadas em peças para calçado e pequenos componentes metálicos.
Setores da indústria transformadora
Calçado
Com o efeito de recuperação pós-COVID já esgotado, o setor do calçado italiano registou um 2024 negativo em todos os principais indicadores.
O desempenho fraco das grandes economias internacionais, associado à instabilidade geopolítica – incluindo o conflito Rússia-Ucrânia e a guerra no Médio Oriente – prejudicou gravemente as exportações italianas de calçado.
A nível europeu, o setor como um todo registou uma queda média de 6% em comparação com 2023. Já no mercado fora da UE, os resultados foram mistos: os fabricantes asiáticos continuam competitivos, com exceção da Índia, que registou um declínio.
Marroquinaria
A esperada recuperação do setor não se concretizou no último trimestre de 2024. O setor da marroquinaria italiana registou quedas de dois dígitos, prejudicado pela instabilidade internacional, pela desaceleração dos mercados estratégicos (China e Alemanha) e pelas dificuldades no acesso ao crédito para empresas nacionais.
A nível europeu, o setor caiu em média 7% em comparação com 2023. Fora da Europa, o desempenho foi misto: China e Paquistão tiveram um ano fraco, enquanto a Índia registou crescimento e a Turquia manteve-se estável.