Foi em março de 2020, que a crise das matérias primas na indústria do calçado, se começou a sentir. Nesse período, alguns países asiáticos e também a Índia (países esses que fornecem matérias primas e componentes para o calçado português), fecharam devido à pandemia de Covid-19. Desde então, temos assistido a uma escassez e a um aumento do preço das matérias primas para o setor do calçado. O disparo do custo de transportes de contentores da Índia e dos países asiáticos, assim como os atrasos e cancelamentos nos envios de contentores para a Europa, estão entre as causas apontadas nesta crise.

“No momento de retoma da economia europeia, tudo isto está a fazer aumentar o preço dos sapatos produzidos em Portugal, e a contribuir para o aumento do consumo de sapatos europeus”, refere Pedro Fonseca na sua introdução.

Rui Oliveira afirma que “a maior parte dos fornecedores têm imensa dificuldade em ter preços pré-pandemia”, dando os exemplos das solas de borracha “que subiram cerca de 30%, assim como a subida do preço dos termos plásticos, em mais de 50%”. Rui acrescenta ainda que “tudo isto leva a uma queda de stock”.

“Aquilo que é pedido às empresas é que baixem as suas margens de lucro, para que possam manter os clientes” sublinha Rui Oliveira, admitindo ainda que “esta é uma tarefa muitíssimo difícil”.

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Quanto ao futuro, Rui Oliveira expõe que esta situação “leva a novas oportunidades, e a que se pense de forma sustentável,” apresentando como possível solução “procurar matérias primas locais, para que a cadeia de abastecimento possa ser redirecionada para a Europa, não ficando Portugal tão dependente da Ásia”.