A Quinta de Sergude, situada em Sendim, Felgueiras, foi incluída na lista de imóveis do Estado que serão alienados para financiamento de programas de habitação pública, conforme estabelece a Resolução do Conselho de Ministros n.º 159/2025, aprovada pelo Governo.
O documento, publicado em setembro, integra a estratégia nacional de combate ao défice habitacional, prevendo a venda de património público devoluto ou subutilizado. O valor obtido será canalizado para projetos de habitação acessível e requalificação urbana, com o objetivo de reforçar a oferta no mercado habitacional e financiar políticas públicas de habitação.
Entre os imóveis listados — que incluem edifícios e terrenos em Lisboa, Porto e Póvoa de Varzim — destaca-se a Quinta de Sergude, um espaço emblemático do concelho de Felgueiras, com valor histórico, patrimonial e simbólico.
A Casa de Sergude: um símbolo da história de Felgueiras
O território da Casa de Sergude e a história que o envolve remontam ao século XIV, estando profundamente ligados à família dos Coelhos, senhores de Felgueiras e Vieira, descendentes de Egas Moniz.
A 1 de maio de 1394, o rei D. João I confirmou a doação da Quinta de Sergude a Gonçalo Pires Coelho, o primeiro donatário de Felgueiras e Capitão-Mor da Terra, reconhecendo-lhe os serviços prestados à Coroa.
A partir daí, a propriedade tornou-se residência senhorial da linhagem Coelho, sendo palco de séculos de história, alianças e episódios nobres que marcam o território felgueirense.
Entre os seus descendentes destacam-se Fernão Coelho, Martim Coelho e Gonçalo Pires Coelho, este último o primeiro da família a viver efetivamente em Sergude e a instituir o vínculo do morgadio e capela, consolidando a presença da família na região.
Ao longo dos séculos XV e XVI, a Casa de Sergude foi símbolo de poder e prestígio na região, cruzando-se com nomes ilustres como os Melo, Sampaio e Teixeira Coelho.
Após várias gerações, e já no século XX, o imóvel foi restaurado pelo Dr. Luís Gonzaga da Fonseca Moreira, que o destinou a fins públicos e comunitários.
Atualmente, o espaço acolhe a Estação Experimental de Fruticultura e Vitivinicultura, desempenhando um papel relevante na investigação agrícola e vitivinícola da região.