Depois de na passada quarta-feira, dia 2 de fevereiro, o Ministério do Ambiente e da Ação Climática (MAAC), ter viabilizado a pesquisa e prospeção do lítio na zona do Seixoso-Vieiros, surge o debate acerca das vantagens e desvantagens da exploração deste minério.
O interesse pelo lítio português despertou em 2016, ano em que deram entrada 30 novos pedidos de prospeção e pesquisa deste metal, impulsionado pelo aumento da procura global devido à utilização nas baterias do automóvel elétrico. Desde então, várias associações ambientalistas, câmaras municipais e população já se pronunciaram contra a prospeção e exploração de lítio, com o Governo a defender, por outro lado, que este recurso é essencial para a transição energética.
O lítio, entre outras finalidades, é utilizado na indústria farmacêutica, pois o carbonato de lítio é usado no tratamento do transtorno bipolar, a fabricação de ligas metálicas nas indústrias aeroespaciais e automobilísticas, como fundente na atividade cerâmica e vidreira, e está ainda nas baterias dos dispositivos eletrónicos e carros elétricos.
No entanto, como qualquer outra operação de mineração a céu aberto, a extração do lítio tem impacto no ambiente. Através do seu programa Alerta Lítio, a Quercus- Organização Não Governamental do Ambiente (ONGA), apresenta as razões para pôr fim à corrida e exploração massiva de lítio em Portugal, destacando:
– Forte e grave intrusão/destruição na paisagem natural, com impactos diretos na memória coletiva das populações sobre a paisagem natural;
– Destruição dos ecossistemas e dos valores naturais muito elevados, quer através da destruição direta de habitats, quer através do procedimento/processos de extração, tratamento e transporte do minério;
– Libertação de partículas em grandes quantidades sobre a vegetação envolvente num grande raio de influência, bem como sobre as populações vizinhas das zonas de mineração;
– Impacto sobre os sistemas de aquíferos e linhas de água superficiais, com prejuízo para as culturas e capacidade de suprimento de água para a agricultura;
– Emissões de ruído elevadas com forte perturbação e impacto da matriz sonora da região, alteração da paisagem sonora;
– Sobrecarga de veículos pesados sob estradas nacionais, regionais e locais que não estão preparadas para tal, aumentando exponencialmente emissões poluentes no interior das povoações, poluição sonora e de vibrações.